T80 - Fevereiro 23
Dois cafés & a conta

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Na RDD
Para caminhar na vanguarda dessa revolução
Nova tecnologia RDD
Cor que foi “resgatada” de peças recicladas
Ana Tavares

Cresceu em Oliveira de Azeméis mas acabou por criar raízes no Porto, onde fez o curso de Engenharia Química (FEUP). Foi para a Universidade Leibniz, Hanover, investigar materiais para aplicações biomédicas. Ao fim de dois anos fartou-se da vida na Alemanha, “precisava de meter a cabeça fora da janela, apanhar ar fresco”, e a aragem empurrou-a para os caminhos da sustentabilidade têxtil. Na bagagem trouxe o método e o rigor dos alemães, que aplicou primeiro na Tintex, depois a Smartex, no CITEVE, e agora, desde o início do ano, a RDD Textiles.
É o ar fresco que, no verão, a atrai também para os festivais musicais ou os passeios sem rumo em que se deixa perder pelas ruas do Porto.

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na Tavares acredita que há uma revolução em curso na indústria têxtil e que dentro de uma década nada será como dantes. Pelo menos no que respeita às matérias-primas. “Acho que o têxtil vai ter uma mudança muito grande na forma como é produzido, as matérias-primas não vão ser as mesmas, resultando de fontes não convencionais”, avança, apontando para coisas como Lyocel feito a partir de resíduos, fibras celulósicas que substituam de forma perfeita o algodão e obtidas de fontes mais puras, à base matéria vegetal, biomassa florestal ou resíduos alimentares.

“Coisas que temos à mão e hoje ainda não vemos como matéria-prima mas como resíduos. Vai haver uma valorização dos materiais, há uma revolução em curso”, perspetiva a engenheira química que já andou pela Alemanha (Universidade Leibniz, Hanover) a investigar materiais para aplicações biomédicas, antes de regressar à pátria-mãe para ajudar na descoberta dos novos caminhos para a sustentabilidade têxtil.

Foi para caminhar na vanguarda dessa revolução que se juntou agora à RDD, a jovem unidade do grupo têxtil Valérius que em menos de meia dúzia de anos (nasceu em 2017) encarna na perfeição o modelo de circularidade. Completado o ciclo inicial de inovação e desenvolvimento têxtil, a RDD subdivide-se agora numa área dedicada aos novos produtos que atingiram já a maturidade industrial, nascendo a CFM – Conscious Fabric Makers, para que a RDD regresse à matriz de nascença, ao desenvolvimento puro e duro de materiais e processos focados na sustentabilidade.  

“Temos uma equipa renovada, focada no desenvolvimento de produtos, processos ou tecnologias que ainda não estão na escala produtiva. Apoiada nas potencialidades oferecidas por um grupo onde existem todos os segmentos têxteis, mas também ao serviço de outras empresas. O objetivo é encontrar soluções para aquilo que os clientes procuram, seja na vertente de produtos, processos, tecnologias, desenvolvimento de ideias ou análises de mercado nas várias vertentes. Pode incluir produto final ou consultadoria de processo, mas sempre com foco na sustentabilidade”, explica a nova CEO da RDD Textiles. 

Como exemplo, a nova tecnologia que a RDD acaba de mostrar na Première Vision e no Modtissimo, que permite tingir com a cor que foi “resgatada” de peças recicladas. Ou seja, a par da reciclagem dos tecidos, com a Recycrom – assim se chama a nova tecnologia – é agora também possível reciclar a cor, um processo que nem Lavoisier terá alguma vez imaginado. “São precisos muitos estudos e análises, é para isso que temos uma equipa multifacetada, gente da química, dos materiais e até uma doutorada em Biologia”, descreve Ana Tavares. 

Mas também no que respeita ao desenvolvimento de novas fibras a RDD meteu já os pés a caminho avançando no sentido da tal revolução em curso. “São projetos mais voltados para o aproveitamento dos recursos naturais que para os sintéticos, o foco está na procura de novas fibras”, explica. É neste contexto que a RDD integra o projeto de bioeconomia apresentado pelo CITEVE que foi aprovado no âmbito do PRR, estando também já prevista pelo grupo Valérius a instalação de novos equipamentos dedicados à reciclagem química. 

Ou seja, vem um mundo novo para a indústria têxtil e a RDD já meteu os pés ao caminho.

Perfil

Ana Tavares
35 anos
CEO RDD Textiles

RESTAURANTE
Restaurante D. Carlos  Rua da estrada 377  4750-677 Silva, Barcelos

Entradas Sopa de legumes Peixe Filetes de fanecas com arroz branco e salada Carne Costela Mendinha assada com batatinhas Bebidas água mineral e vinho branco Beyra Fonte da Cal Dois Cafés

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