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Comprometido até ao final do seu mandato, Alexandre Meireles traçou na sua agenda o objetivo de finalizar o plano estratégico de um novo modelo para o Portugal Fashion, e vê-lo implementado, para que este seja cada vez mais sustentável e independente de fundos comunitários. Liderado pela Universidade Católica em parceria com a consultora Deloite, um estudo sobre o assunto terá um comité estratégico de avaliação. O método passa por uma fase inicial de entrevista a um conjunto de pessoas do ecossistema, para posteriormente se organizarem grupos que estarão em brainstorming até que Católica e Deloite definam os pilares estratégicos para o futuro do Portugal Fashion nos próximos três anos.
span style="font-weight: 400;">Nesta fase de redefinição do projeto Portugal Fashion, o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Alexandre Meireles, confirma que o grande objetivo “é envolver cada vez mais as forças locais e as dinâmicas económicas da região: indústria por um lado, autarquias por outro, e empresas mesmo que não sejam do mesmo sector”. Dito de outra forma: Alexandre Meireles está focado em que o Portugal Fashion se possa transformar num evento sustentável, que seja cada vez menos dependente dos fundos públicos. E que contribua para o PIB regional e para gerar riqueza para a indústria – e que “no limite, seja um espaço onde os designers possam cada vez mais apresentar as suas coleções, para um objetivo maior: posicionar a moda portuguesa fora de portas”.
Prova disso mesmo está num projeto que a ANJE trouxe para o Portugal Fashion: uma parceria com um banco africano, que lhe permite trazer 20 designers por ano ao certame e que já fez viajar até Portugal designers de 25 países, “e que portanto não envolver apenas os PALOP, como muita gente acha que sim, reforçou Mónica Neto, project lider do Portugal Fashion.
Nos últimos anos o Portugal Fashion sofreu mudanças, desde a sua localização à sua dinâmica: já não são só os desfiles que materializam o dia a dia do evento – outro dos objetivos, segundo Alexandre Meireles, “é democratizar o evento, levá-lo até rua, que foi o que fizemos em setembro. Tivemos dez eventos espalhados pela cidade e envolvemos diversos players económicos e turísticos”.
O Portugal Fashion, este tem apresentado um modelo de financiamento complexo, que trás algumas dificuldades para a ANJE, mas que segundo Alexandre Meireles, “estamos convictos que existe capacidade financeira para continuarmos a financiar o evento. Já o fizemos o ano passado, em outubro, sem fundos comunitários. Não foi fácil, mas conseguimos”, afirmou. “É o nosso evento âncora, que nos orgulhamos de organizar e queremos continuar a organizar por muitos anos”.
Assumindo-se como uma plataforma, o Portugal Fashion ambiciona posicionar os designers que têm pouco espaço em Portugal e dimensão reduzida, para que possam mostrar a sua criatividade no mercado interno, mas particularmente no externo. Por perceber que Portugal é um país com pouca escala, e para que os negócios da moda de autor possam realmente ganhar força comercial, “o Portugal Fashion promove desde 1999 um roteiro internacional, apoiando a presença de designers portugueses em semanas de moda no estrangeiro, nomeadamente através da organização de desfiles e happenings em calendários oficiais, mas também showrooms e ações comerciais”, explicou Mónica Neto.
A ANJE encontrou uma oportunidade na grande lacuna entre os jovens designers e a indústria. Criado em 1995 pela ANJE, a associação tem vindo a fomentar uma cultura de moda no país e operou uma mudança de paradigma no que respeita ao sector têxtil e do vestuário nacional, através de uma estratégia concertada de aproximação entre indústria e criadores.
O memorando da dupla Católica/Deloite vai mudar a próxima edição de outubro de 2023? Alexandre Meireles considera que o plano estratégico para 2023-2026 não fará com que tudo aconteça a partir de outubro, mas assumiu que “nesta altura, estamos em pleno estudo; a ideia é em meados de julho termos as primeiras conclusões, e termos já alguns inputs para a edição de outubro, para que em março consigamos implementar a full power a nova estratégia”.
É o caminho na direção deste projeto – que está a chegar ao fim para Alexandre Meireles, que terá de abandonar em breve a direção da associação. Mas ter agarrado o desafio de voltar a trazer a ANJE para o centro da discussão pública, para puder voltar a ser uma voz para os jovens empresários, ” acabou por ser uma grande realização na minha carreira”, concluiu.
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