Bebiana Rocha
A RDD Textiles acolheu esta semana o Mapa da Sustentabilidade, um programa do IAPMEI e da RDP (Rádio Portugal) criado para dar a conhecer casos nacionais de boas práticas de sustentabilidade empresarial. Na visita a empresa de Barcelos fez o seu enquadramento no grupo Valérius e deu a conhecer a sua estratégia na matéria da circularidade, num contexto de transição ESG.
Ana Tavares, CEO da RDD, foi a porta-voz da entrevista, que decorreu no showroom da empresa “com milhares de amostras e um imenso mar de cores”. “A RDD nasceu com o objetivo de criar processos e materiais alternativos áquilo que são os convencionais. O nosso foco são as malhas circulares”, introduz. Fibras de banana e ananás foram dois dos exemplos explorados ao longo da conversa.
“Os resíduos da indústria alimentar são processados e transformados em fibra por quem faz a recolha, essa fibra chega depois ao mercado, o que nós fazemos é encontrar fiações para fiarem essas fibras de forma a podermos incorporá-las nas nossas malhas”, explica, adiantando que tem como parceiros tanto fiações nacionais como internacionais.
Outro tópico explorado ao longo da entrevista foi o reaproveitamento dos resíduos pós consumo e a parceria com o centro de reciclagem Valérius 360. Tendo em conta a nova legislação de Recolha Selectiva de Resíduos para 2025, Ana Tavares considera importante fazer uma sensibilização junto do consumidor para que este saiba “o que acontece às suas roupas quando as colocam em algum lugar e aquilo que se pode fazer com os resíduos”, assim como os novos patamares de qualidade com materiais reciclados que estão a ser possíveis de atingir.
O tema é fechado com a ideia que não sendo Portugal um produtor de fibras como o algodão “ter na RDD fibras alternativas como fonte de matéria-prima permite ter uma menor dependência do resto do mundo”. Para concluir, a CEO fez uma radiografia do sector têxtil para 2024: “o sector têxtil está a passar uma fase em que o consumo baixou e, portanto, está instável. Este ano vai ser um ano com desafios ao nível da manutenção de equipas, do volume de trabalho para fazer face aos custos de produção. Mas a economia é cíclica, estamos no caminho certo e apesar da retração acreditamos que conseguiremos ganhar tração para o futuro”, resume.