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Foi desde muito nova que Alexandra se familiarizou com os têxteis, quando ajudava a mãe costureira e por essa via alimentava aquela que é hoje a sua grande paixão. Cresceu na Alemanha e na bagagem trouxe o rigor dos alemães, que aplica minuciosamente. O primeiro emprego foi na Petrotex, onde se cruzou com Hélder Gonçalves, com quem hoje é casada (têm dois filhos). Não será a sua antítese, mas Hélder é muito diferente – o que acabou por ser uma mais-valia. Ambos tinham em comum a insatisfação com as profissões passadas e isso foi o que despoletou um salto maior e uma curva de muitos graus nas suas vidas: da criatividade e do envolvimento de ambos nasceu a Spring – o início de uma aventura.
span style="font-weight: 400;">Não foi de um legado de gerações passadas, mas antes uma ambição de casal que misturou paixão pela criação e um sonho muito próprio pelo o mundo têxtil, que surgiu a Spring. Alexandra Carneiro e Hélder Gonçalves são o seu rosto há 21 anos e os seus indissociáveis pilares. Alexandra tem um papel fundamental na produção e na criatividade e Hélder é quem olha em frente, para o futuro da empresa. “Ela é o drone da empresa, está por cima a olhar por tudo”, segundo Hélder. Para Alexandra, o marido tem o comando: “está sempre a controlar todas as situações, a identificar os problemas, o que se pode melhorar e desenvolver, sempre com uma visão mais à frente. Com ele está sempre tudo controlado”.
A criatividade está presente não só no ADN do casal, como também no laboratório da Spring que é onde toda a magia acontece. “Nós não nos limitamos a esperar que os clientes nos mandem os dossiers com o que querem. Nós fazemos todo esse trabalho criativo. O cliente vê em nós uma empresa criativa”, afirma o casal.
Foi com as lacunas que sentiram no mercado das camisas, onde havia muita quantidade, mas fraca qualidade e falta de diversidade, que entenderam que o caminho seria por aí. Hoje, a marca oferece multiprodutos, mas o seu core é a camisaria.
A Spring cresceu gradualmente, de uma forma muito orgânica, sem grande exposição no mercado, mas isso de alguma forma é o passado: chegou em determinada altura a fase em que o casal decidiu dar outros passos. Habituados a fazer roupa para os outros, nomeadamente para marcas estrangeiras, arriscaram numa marca própria, a Aline. “Achámos que este poderia ser o nosso futuro. Já que sabemos fazer, porque não termos a nossa própria marca? Parece fácil, mas não é. Mas por outro lado, ao estarmos por dentro, isto veio dar-nos muito know-how, isto é, como é que os nossos clientes fazem, quais as necessidades deles. E o facto de termos o designer interno vem complementar o lado criativo: estarmos sempre acima das tendências. O resultado final acaba por ser uma alavancagem grande de conhecimento”, explica Hélder. Que acrescenta: “no dia que pararmos de fazer isso, vamos ser uma empresa normal de fazer roupa”.
Estando a estratégia bem presente em todos os passos que a Spring tem dado, todas as oportunidades são cruciais para dar asas ao crescimento da empresa. Um exemplo disso foi a fase da pandemia: um entrave passou a ser um instante favorável. “Focámo-nos nas certificações. Percebemos que o facto de sermos certificados, neste caso com certificação Bcorp, melhor possibilidade temos de encarar o futuro. Em termos estratégicos, enquanto indústria, na nossa ótica não me parece que haja outro caminho a seguir a não ser este”, explicou o casal.
E é neste ritmo de estar sempre mais à frente – mas também por uma questão de autonomia na produção – que o casal achou conveniente investir numa unidade industrial, a Clothique que nasceu certificada e permitiu dar alguma segurança à empresa. Um investimento de cerca de 200 mil euros com o objetivo principal de habilitar a empresa para mais complexidade e, por essa via, atrair produção com valor acrescentado. A este projeto junta-se agora o próximo passo: um novo edifício multisserviços – que não dispensa uma cantina e um jardim: também tem de ser bom trabalhar na Spring.
O ano de 2022 fechou com um volume de negócios de seis milhões de euros, com as exportações a representarem quase a totalidade – os principais mercados são os nórdicos, a Alemanha e mais recentemente o norte-americano. “Com a nossa presença este ano na feira de Nova Iorque pela primeira vez, deparou-se-nos que existe facilidade em vendermos o nosso país como um mercado de proximidade. O que mais ouvimos é que os norte-americanos querem sair da China e querem ir para Portugal”, revelaram.
Com uma estrutura composta por 30 pessoas, “a nossa maior qualidade é a qualidade das pessoas, somos poucos, mas somos muito eficientes e focados”, refere o casal – que já está alinhado no próximo sonho: atingir os 10 milhões de euros de faturação em 2025. “O mais importante para nós é sempre o objetivo, o foco, o sonho e a estratégia. Se sabermos para onde vamos, o caminho é muito mais fácil”, concluem.
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