T49 - Dezembro 20
Dois cafés & a conta

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Vontade de Crescer
Em 2020 vamos apostar em marketing para dar um novo fôlego à marca própria Paula Borges
Serviço cinco estrelas
Quando o produto é qualificado, se dá resposta rápida e se cumprem os prazos de entrega, os clientes vêm e ficam
Paulo Faria

"A flexibilidade é uma das nossas vantagens competitivas. Tanto fazemos 100 peças para a Mugler como quatro mil para a Isabel Marant”, explica Paulo Faria, designer e diretor comercial da Paula Borges

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aulo não tem mãos a medir. A semana seguinte (conversámos numa sexta feira) ia ter um arranque demolidor. Na segunda feira ia receber a visita da Mugler, na terça da Paco Rabanne e na quarta da Balenciaga. “Somos conhecidos pelo nosso savoir faire. Quando não conseguem fazer o produto que querem noutro lado, as marcas vêm bater à nossa porta”, explica.

Balenciaga e Mugler são os recém chegados ao clube de 28 clientes de private label da Paula Borges, de que já faziam parte marcas com a Max Mara, Victoria Beckham, L.K.Bennett, Nina Ricci, Mulberry ou Hermès.

“Somos um atelier industrial”, resume Paulo, socorrendo-se de uma definição feliz saída da boca de um comprador da Prada no final de uma visita às instalações da Paula Borges em Gueifães (Maia) – a empresa tem, desde há três anos, uma outra unidade industrial em Baião.

“Trabalhamos um nicho de mercado, produzindo pequenas quantidades de grande qualidade e valor acrescentando. A flexibilidade é uma das nossas vantagens competitivas. Tanto fazemos 100 peças para a Mugler como quatro mil para a Isabel Marant”, explica Paulo, que escolheu almoçarmos no restaurante onde almoça diariamente com a mulher, Lúcia, e a sogra, Paula Borges, que deu o nome a esta empresa fundada em 1983 e especializada em confecção de Senhora.

A flexibilidade, um dos segredos da Paula Borges, é-lhe assegurada por ter a produção, na Maia, organizada em sete células – em Baião tem duas linhas destinadas à produção de séries maiores.

“Outra das nossas vantagens competitivas é a qualidade que se baseia no uso de matérias primas nobres – cerca de 80% são sedas naturais – trabalhadas por mão de obra muito qualificada. Quando se oferece produto qualificado, se dá resposta rápida e se cumprem os prazos de entrega, os clientes vêm e ficam – nunca mais vão embora”, garante.

A elevada qualidade – uma espécie de alta costura industrializada – resulta da combinação dos 50 anos de experiência e savoir faire da fundadora, Paula, com a criatividade e exigência da sua filha Lúcia.

“A Lúcia é uma perfeccionista que não descansa enquanto não formos a melhor empresa europeia no nosso nicho de mercado”, confessa Paulo, que conheceu a mulher em 1993 no aeroporto Sá Carneiro. Ele era o melhor aluno da Gudi, ela a melhor aluna do Citex. Ambos tinham recebido uma bolsa para fazerem um curso de três semanas na Grécia. Deu-se o coup de foudre – e três anos volvidos estavam casados.

Cherchez la femme é a pista certa para perceber por que que é que Paulo Faria desembarcou na Paula Borges, uma confeccionadora que sabe o que quer e para onde vai.

“2019 está a correr-nos muito bem. Esperamos fechar o ano com um volume de negócios de 2,8 milhões de euros, ou seja um crescimento na ordem dos 10% relativamente em 2018. Em 2020 vamos apostar em marketing para dar um novo fôlego à marca própria Paula Borges – o objectivo é que em 2023 represente entre 30% a 40% das nossas vendas”, confidencia Paulo, que anda também empenhado no lançamento da marca própria Ever 4 Ever, criada expressamente para o segmento online.

Perfil

Nasceu no Porto, sendo o mais velho (a irmã, seis anos mais nova, é designer na Sanmartin) do casal de filhos do matrimónio entre uma doméstica e um comandante da PSP. Cresceu em Paranhos e foi na escola Aurélia de Sousa que a professora Emília Gouveia o convenceu a ir para Design de Moda. Ele apreciou a ideia (“sempre gostei muito de design”) e os pais não se opuseram (“se é isso que tu queres, vai”). Concluída a formação, na Gudi, fez um curso de moda técnica na Alemanha (Muller & Sohn). Passou pela Domingos Ferreira e a Costa Silva e Nascimento (“uma grande escola”), antes de deitar âncora na Paula Borges. Adolescente e jovem adulto, foi guarda redes de andebol (mede 1m89) no Águas Santas, ABC e FC Porto (onde foi campeão nacional). A fotografia (usa uma Canon 5ds) é uma das suas grandes paixões - integra o grupo Seis Olhares. Casado com Lúcia, têm uma filha, a Mariana, que tem 18 anos e joga voleibol no FC Porto (mede 1m84 e calça 43)

RESTAURANTE
O Industrial
Rua José Moreira da Silva, 450
4470-611 Maia

Entradas Presunto com melão, bôla, pataniscas de bacalhau, queijo Prato Massada de mariscos Bebidas Socalcos do Bouro (alvarinho), água e dois cafés

 

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