T42 Abril 19
Dois cafés & a conta

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No início eram chapéus
Da chapelaria, a atividade da Heliotêxtil foi-se alargando às fitas e elásticos até chegar aos produtos Smart
O sucesso das BarceIn
As pulseiras BarceIn foram experimentadas na Viagem Medieval da Feira, e agora são utilizadas em festivais de verão
Miguel Pacheco

É uma empresa única no mercado. Quando foi fundada em 1964, a atividade da Heliotêxtil era relativamente fácil de definir: produzia etiquetas para chapéus. Mas hoje em dia essa tarefa torna-se bem mais difícil. Na empresa de Miguel Pacheco, têxteis e electrónica andam de mão dadas e são conjugados na forma dos mais variados produtos inovadores.

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ão há nenhuma empresa no mundo igual à nossa. Podemos ter concorrentes que estão dedicados a uma ou outra das nossas áreas, mas o que nos distingue é a grande diversidade de produtos e tecnologias. Somos uma empresa altamente especializada, multiproduto e multimercado”, diz Miguel Pacheco, definindo a Heliotêxtil, que começou por fabricar etiquetas para chapéus e agora fornece os transferes de fire retardment para os fatos dos pilotos de Fórmula 1 da Ferrari.

Quando, em 1964, Alberto, contabilista e pai de Miguel, arrancou em S. João Madeira com a empresa, era muito fácil definir o que a ela fazia: etiquetas e passamanarias. Agora, já não é tão fácil resumir a sua atividade, porque para sobreviver e prosperar num mundo que evolui a uma velocidade trepidante, a Heliotextil teve de fazer pela vida apostando na combinação de eletrónica e têxtil, enriquecendo a oferta com produtos inovadores destinados a clientela cada vez mais sofisticada.

“A nossa preocupação número um é responder às necessidades dos clientes, sejam elas quais foram. A nossa inquietação é saber como é que vamos ser capazes de os ajudar a vencer as suas dificuldades”, resume Miguel, que escolheu almoçar os ossos da assuã (“É muito raro dar com um prato destes numa ementa”).

O mercado, que no início se esgotava na indústria de chapelaria, foi-se alargando às fitas para embalagens, elásticos para underwear, etiquetas estampadas ou nomes e números que personalizam as camisolas dos jogadores de futebol – até se tornar potencialmente do tamanho do mundo.

A viagem da subida constante na cadeia de valor da Heliotextil começou mesmo ali ao lado, na Viagem Medieval da Feira, com o encapsular de informação nas pulseiras de acesso que permitam desmaterializar pagamentos, uma tecnologia baptizada BarceIn que não tem cessado de ser aperfeiçoada, já é usada em todos os importantes festivais portugueses de Verão (Super Bock Super Rock, Nos Alive, Primavera Sound, Vodafone Paredes de Coura, etc) e está na rampa de lançamento para ser exportada.

O Colfit, um casaco desenvolvido com a Damel e destinado a ser usado em câmaras frigoríficas (tem uma banda de aquecimento, comandada por uma aplicação de telemóvel, com sensores que permitem medir, regular ou manter a temperatura constante no interior do casaco), foi outra das etapas desta viagem, que já mereceu distinções mas só agora está ready to market.

O esforço para dar inteligência às coisas exigiu fortes investimentos, em novos equipamentos, laboratório e departamento de i&d e os resultados não aparecem logo ao dobrar da esquina.

“Em 2018 fizemos um volume de negócios de cinco milhões de euros, que representa um crescimento de 10% sobre o ano anterior, o que é relativamente pouco face ao potencial de produtos que temos vindo a desenvolver nos últimos três anos. Mas é tudo ainda muito recente e estas coisas têm o seu tempo de maturação”, conclui o CEO da Heliotextil.

Miguel Pacheco sabe que não tem motivos para se preocupar, pois não param de se multiplicar os sinais de que a rota da viagem que empreendeu está mais do que certa. São os prémios ISPO ou Inovatêxtil que vai acumulando, mas também os dois novos processos que desenvolveu, o coversealings (que reduz drasticamente o desperdício de bolsos adesivos) e e eprint (que substitui os transferes tradicionais por eletrónica impressa) que estão em vias de ser patenteados.

Perfil

Licenciado em Economia (Faculdade de Economia do Porto, 1993), foi analista financeiro no BANIF, durante um ano, antes de responder ao apelo da indústria e ter começado a trabalhar na empresa que o pai fundara, com nove trabalhadores (hoje são 120) meia dúzia de anos antes de ele nascer. Subir na cadeia de valor, introduzindo algoritmos e sensores num negócio tradicional, foi a aposta bem sucedida da liderança de Miguel, que ainda se vê ao espelho como um comercial (“Hei-de ser sempre o sales manager, que pega na pasta e vai visitar os clientes”) muito ambicioso (“Ainda tenho a ilusão de fazer muitas coisas”). No entretanto, a terceira geração de Pachecos já desembarcou na Heliotêxtil. Miguel, 25 anos, filho de Miguel, licenciado em Marketing, já dá uma mão na empresa …

RESTAURANTE
Pedra Bela

Rua Malaposta 496 4520-505 Santa Maria da Feira

Entradas: Polvo com molho verde, presunto, melão, rissóis, croquetes e bolinhos de bacalhau Prato: Ossos da assuã cozidos com legumes e bacalhau à Gomes de Sá Bebidas: água e vinho branco (Pormenor, Doc Douro) e dois cafés

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