T54 - Agosto 2020
Dois cafés & a conta

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Nada pára a Carjor
“Não paramos nem um único dia nem nos passou pela cabeça qualquer ideia de lay-off”
Menos é mais
"Trabalhamos com clientes sólidos a longo e médio prazo e queremos produzir de forma cada vez mais eficiente"
Honorato Sousa

“O nosso objectivo é produzir de forma cada vez mais eficiente, ou seja rentabilizando o tempo e a capacidade instalada. Não queremos produzir mais, queremos ser mais eficientes”, explica Honorato Sousa, CEO da Carjor

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ara cada jornada Honorato Sousa tem um objectivo, que é rentabilizar o máximo possível cada minuto do seu dia de trabalho. “Tento em tudo, mesmo em casa. A ideia é fazer sempre mais rápido e com menos custo”, explica, logo desvendando uma mente (ele diz “deformação”) de engenheiro que lhe impõe a minúcia com que gere a Carjor.

É por isso que não se preocupa com preços, com concorrência, em produzir mais e conquistar novos clientes. “As metas estão definidas. Trabalhamos com clientes sólidos a longo e médio prazo e o nosso objectivo é produzir de forma cada vez mais eficiente, ou seja rentabilizando o tempo e a capacidade instalada. Não queremos produzir mais, queremos ser mais eficientes”, explica o engenheiro, que o pai sonhava que fosse médico, mas que racionalmente não se afastou dos fios e trapos.

Afinal, o chão da fábrica sempre fora o seu ambiente natural, onde voltava nas horas livres e intervalos dos estudos no vizinho Colégio da Caldinhas, de organização Jesuíta. Analisou as hipóteses (“tinha nota para entrar onde quisesse, mesmo Medicina”) e chegou à conclusão de que Engenharia de Produção, na Universidade do Minho, era o único que tinha o ramo têxtil. “Ainda por cima, podia via à fábrica todos os dias”, reforça, aproveitando para mostrar que o afeto e relação próxima são o elo mais importante do negócio.

Assim é com os clientes, cujas visitas à Carjor sempre incluem o convívio em animados repastos na quinta da família, onde igualmente quis fazer o almoço. “Criam-se relações de confiança e estabilidade que não acabam com um abanão”, avança, mostrando que isso pode superar quaisquer crises ou ímpetos de concorrência. E conta o caso de um cliente de Itália que um dia ligou para anunciar que deixaria de olhar a preços e de ter fornecedores chineses ou dos países de Leste. “Disse-me: ‘a partir de agora só trabalho com o CR7 das malhas’, e o que faz a diferença é essa relação de proximidade e confiança”.

Mesmo com a pandemia e o ambiente de incerteza instalado, tudo tem rolado na Carjor com absoluta normalidade. “Não paramos nem um único dia nem nos passou pela cabeça qualquer ideia de lay-off”, numa empresa que para nascer teve que ocupar a garagem de casa e obrigou os carros a ficarem na rua. Corria o ano de 1969, Jorge Sousa ainda cumpria o serviço militar quando juntou ou trapos com Alice e fundaram a empresa que tinham sonhado, com o precioso apoio do tio Carlos.

Desde sempre especializada no fabrico de malhas exteriores para criança, em 1975 já exportava para Inglaterra e mudava para instalações próprias, num percurso de crescente sucesso até aos atuais 80 trabalhadores e perto de três milhões de euros de faturação, 100% feitos na exportação.

Com a chegada de Honorato no apoio à gestão, no final do curso e após um estágio na Suíça numa fabricante de máquinas – “aprendi muito sobre teares retos, que são a base do nosso trabalho” -, Jorge e Alice puderam começar a pensar na concretização de outro velho sonho.

Na dupla vertente de serviço aos idosos e às crianças, Torre Sénior e Torre Jovem, são outros casos de sucesso a juntar à Carjor, para orgulho da família e de Honorato – “os meus pais em tudo o que metem dá resultado” -, um engenheiro que não abranda na luta pela eficiência na gestão do tempo. Todos os dia faz um relatório, e o do dia anterior mostrava que, entre mail, chamadas e WhatsApp, nas 8h de trabalho tinta tratado 561 assuntos, uma média de menos de um minuto por cada assunto.

Perfil

É o mais velho do quarteto de filhos de Jorge e Alice Sousa, que fundaram a Carjor ainda antes de se terem dedicado ao crescimento da família. Andou desde sempre dentro da fábrica e mesmo que o pai quisesse vê-lo médico, prevaleceu o instinto de engenheiro. ), Fez toda a escola no Colégio das Caldinhas, o curso na Universidade do Minho (Engenharia de Produção), e estagio na Suiça, numa fabricante de máquinas, antes de se embrenhar na gestão da Carjor, onde persegue o objectivo de fazer cada vez mais em menos tempo. No resto, entretém-se com a pesca, na horta e no pomar onde cultiva com absoluto proveito todo o tipo de frutas e legumes - “só não tenho bananas, mas ainda não perdi a esperança”. É casado com Cristiana, professora, e têm dois filhos: A Inês, 20 anos, estuda Comiunicação na UM, e o Bernardo (18) que conclui o secundário no ramo de Artes

RESTAURANTE
Quinta da Igreja (propriedade da família)
Palmeira, Santo Tirso

Entradas Pataniscas e petingas fritas Prato Cabrito assado no forno com batatas Sobremesa Melão casca de carvalho e Jesuitas Bebidas Água e vinho branco Vallado Prima

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