T33 Junho 18
Dois cafés & a conta

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União faz a força
“Voando em formação podemos ir mais longe do que voando sozinhos”, diz Ana Ribeiro
Abrir portas
O meu trabalho? Sou uma facilitadora. Crio oportunidades, faço lóbi, estimulo parcerias…”
Ana Ribeiro

O trabalho de Ana Ribeiro, 43 anos e Diretora executiva do Cluster Têxtil, é unir as empresas têxteis do sector, promovendo uma componente de renovação de mentalidades de um tecido empresarial cuja cultura dominante é individualista.

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m grande empresário mexicano, fornecedor da indústria hoteleira, estava em Portugal à procura de vinhos e manifestou interesse em ver têxteis lar. Ao saber disso, o Inovcluster (Cluster Agro-industrial do Centro) avisou o Cluster Têxtil que logo preparou uma tarde de reuniões no CITEVE com fornecedores portugueses de têxteis lar para o empresário mexicano.

Este é apenas uma das muitos facetas da atividade que Ana Ribeiro tem desenvolvido desde que há cerca de um ano trocou o lugar de responsável pelo Desenvolvimento de Negócio no CeNTI pelo de diretora executiva do Cluster Têxtil, passando a dedicar-se a 100% a um setor onde tinha antecedentes familiares (o pai foi engenheiro em empresas como a Lionesa, Vaz Ferreira ou a Cotesi) .

“Qual é o meu trabalho? Bem, sou uma facilitadora, abro portas, crio oportunidades, faço lóbi, a nível nacional e internacional, estimulo parcerias, dinamizo a atividade dos nove grupos de trabalho…”, vai enumerando Ana, com um ar de quem ainda faltam coisas para completar a sua job description. 

Informalmente, o cluster têxtil já existe há cerca de um século, tendo como centro de gravidade a cidade de Famalicão, onde Ana escolheu almoçarmos – a primeira ideia dela era experimentar o Cheers (“Gosto muito de tapas”, confessa), mas o antigo Benfica estava fechado para férias, obrigando-a a desenrascar na hora um Plano B.

Mas formalmente e com as iniciais em maiúsculas, o Cluster Têxtil só existe desde que foi reconhecido pelo Governo, em Fevereiro do ano passado, “numa sessão muito bonita, no Terreiro do Paço”.

O Cluster Têxtil arrancou formalmente com 54 membros, um grupo aberto (no entretanto juntaram-se mais dois, a ICC Lavoro e a Anivec), coordenado por um Grupo de Alto Nível, que Ana não hesita em classificar como “um extraordinário grupo de altíssimo nível”, em função do contributo que tem dado ao seu trabalho.

O trabalho de Ana tem ainda um componente de renovação de mentalidades de um tecido empresarial cuja cultura dominante é individualista, e por isso não está habituado a partilhar experiências nem conhecimentos com quem pode ser seu concorrente – mas pode e deve ser seu parceiro.

Convencer os empresários da bondade das parcerias, que 3 é o resultado mais provável da soma 1 + 1, é talvez a mais dura das facetas da missão de Ana.

“Voando em formação podemos ir mais longe do que voando sozinhos”, diz a directora executiva do Cluster Têxtil, uma mulher desenrascada (ou não fosse ela engenheira…) que quando andava na FEUP teve diversos biscates na área da publicidade (como distribuir, em Leiria, panfletos promocionais da telenovela Tieta ou promover o leite Parmalat nos supermercados) para reunir o dinheiro para comprar uma mota Honda CB 250.

O envolvimento de 174 pessoas nos nove grupos de trabalho em atividade é um indicador seguro de que o Cluster Têxtil está a seguir a todo o vapor pelo bom caminho, que também é o de estar em toda a parte, estendendo a sua presença a outros setores, como a saúde, automóvel ou construção.

Exemplos? “Soubemos que a Weber/Saint Gobain andava à procura de um melhor substrato para isolamento das coberturas. Ora isso não é difícil para a têxtil. Apareceu logo um fabricante de meias que se declarou capaz e interessado em resolver o problema. Vamos pôr vários fornecedores em contacto com a construtora”, conclui Ana Ribeiro, no desempenho cabal da sua tarefa de grande facilitadora – ou se preferirem de casamenteira:-).

Perfil

Cresceu em S. Mamede de Infesta, onde fez a primária e o secundário. A escolha de Engenharia pode muito bem ter tido a ver com o facto do pai ser engenheiro eletromecânico e o irmão mais velho andar em Engenharia Mecânica. Ainda pensou em Engenharia Química, mas acabou por fazer a de Metalurgia e Materiais, numa turma pequena - eram 24, estranhamente na sua maioria raparigas. Começou a carreira profissional no mundo académico (projeto 3B) e passou pela indústria (cerca de três anos na Sicor, em Cortegaça), antes de deitar âncora em Famalicão, a fazer o interface entre a investigação e a indústria, em organismos como o CITEVE, CeNTI e o Cluster Têxtil. Casada com um advogado, vivem na Foz e têm um casal de filhos (a menina tem nove anos e o rapaz cinco).

RESTAURANTE
Praça

Entradas: alheira com grelos, cogumelos salteados, bola de atum e morcela Pratos: Costeleta de novilho com feijão, arroz branco e batata doce  Sobremesa: abacaxi laminado Bebidas: vinho branco Cabeço de Senhora, água e cafés

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