T71 - Março/Abril 2022
Dois cafés & a conta

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José Pinto Cardoso
“Esta é a empresa da minha vida, onde gosto mais de estar"
A empresa de Braga
continua a apostar no vestuário de homem, cobrindo os segmentos sport, executivo, gala e tayloring
Carlos Costa

Carlos Costa é acima de tudo um homem prático. Com a noção de que “primeiro somos emoção e só depois racionais”, que “é fundamental diversificar clientes” e que “o mercado pede constantemente novidades, coisas fora da caixa”.

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uer com isto dizer que as empresas têm que ser hoje mais proativas, flexíveis e inovadoras, adequando-se a um novo modelo de procura por pequenas séries e resposta rápida. O importante é que sejam capazes de tirar partido do seu potencial, das suas características e capacidades. “Quem não tem cão caça com gato. Mas primeiro é preciso pôr o gato a ladrar”, sentencia.

Quando falamos da José Pinto Cardoso, SA, no entanto, não é propriamente de um gato qualquer que estamos a tratar. Pioneira do pronto-a-vestir em Portugal – e provavelmente hoje a única sobrevivente desses tempos iniciais da confeção – a empresa de Braga continua a apostar no vestuário de homem, cobrindo os segmentos sport, executivo, gala e tayloring enquanto se apronta para o lançamento da novidade Active, com que quer sacudir o mercado. 

“Aos anos que andamos aqui, é porque fazemos alguma coisa bem”, diz o homem que é designer e gestor comercial e aceitou o desafio de regresso à empresa com a ambição de imprimir novas dinâmicas. Na verdade, nunca esteve completamente afastado, dada a proximidade com o fundador e as gerações que lhe sucederam. 

“Esta é a empresa da minha vida, onde gosto mais de estar. Sinto-me em casa, muito acarinhado”, explica, para dar conta da inevitabilidade do sim quando José Pinto Cardoso o “puxou” de regresso ao interior da organização. Também por isso, explica como tudo começou, quando em meados do século passado “o Comendador”, como se refere a José Pinto Cardoso pai, abriu em Braga a loja Cardoso da Saudade e arrancou com a Confeções Facho. 

“Com o 25 de Abril e o ambiente que a seguir se vivia, a marca chegou a ser associada à política, mas os nomes não tinham nada a ver com isso”, explica, dando conta de que o Comendador nasceu e cresceu em Penafiel, na Travessa da Saudade, de onde avistava o Monte do Facho. 

O pai já fazia feiras, negócio que continuou com a venda de cortes para fato e que depressa fez evoluir para a venda de fatos feitos. A abertura da loja em Braga e a fábrica de confeção foram os passos seguintes que acabaram por popularizar a marca Facho.

Com o sucesso, segue-se a criação de uma marca de segmento superior, a Pierlourenzo, a participação nas feiras Portex, ainda no Palácio de Cristal, e Clube do Homem, na FIL, que alavancaram o fornecimento para clientes e marcas de França e Inglaterra ao mesmo tempo que a Pierlourenzo se afirmava como referência para homem em Espanha. 

Hoje, com perto de 200 colaboradores, as marcas próprias ocupam cerca de metade da produção diária de mais de 500 peças da José Pinto Cardoso, SA, enquanto outra metade tem como clientes marcas dos mais diversos países da Europa.  

“Somos uma empresa com enorme know-how, dinâmica e com enorme potencial” atira Carlos Costa para explicar que o foco está agora nas pequenas marcas, com sentido estético, propostas muito personalizadas, focadas no online e para as quais o design tem também um objetivo de função. 

“Portugal é uma solução fantástica para as marcas online. Fabrico rápido, pequenas séries sem stock, com custo justo e sustentabilidade. Temos que ir a jogo, entrar na equação ir de encontro ao paradigma do momento”, conclui o homem que para isso aposta em pôr o gato a ladrar.

Perfil

Gosta de dizer que chegou a passear por Coimbra os livros de Direito e adota a alcunha “Alvarenga” (apelido de família) para identificar o designer que sempre foi. Como criativo, chefe de vendas, broker ou agente, está no têxtil desde os 22 anos, e aos 55 continua a apostar na leitura e no autoconhecimento - “sou por natureza exotérico”- como forma de “não ser controlado pelo ego”. A frente das múltiplas ocupações está a parceria com os filhos. Rafael, 17 anos, quer ser gestor, e Hugo, 15, webdesigner, e tem evidente orgulho na carreira de ambos como hoquistas, no Hoquei Clube de Braga.

RESTAURANTE
Grelhados Maravilha
Praceta Escola do Magistério, 2
4700-222 Braga

Entradas Pão, azeitonas e pataniscas Pratos Bacalhau com cebolada à moda de Braga e Polvo assado Sobremesas fruta e pudim de ovos Bebidas Água e copo de vinho branco do Douro

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