Jorge Fiel
Presidente da Anje, João Rafael, 43 anos, é licenciado em Direito (Católica do Porto). Accionista e administrador executivo da Colquimica, deu nas vistas com a sua participação no Shark Tank
uando viu na televisão as top model Claudia Schiffer, Elle Macpherson e Helena Christensen (a que achou mais gira, por causa dos olhos verdes) a descerem a escadaria da Casa do Farol, no âmbito do primeiro Portugal Fashion, nem em sonhos passava pela cabeça de João Rafael Koehler que um dia seria presidente da ANJE.
Vinte anos depois, tem ideias bem concretas e definidas sobre o maior evento de moda no nosso país, organizado em parceria com a ATP, que explana com clareza à mesa do Cafeína, um dos seus restaurantes preferidos, onde praticamente não tocou no vinho e optou pelos pratos mais saudáveis da oferta do menu do dia (a sopa e a corvina) – mas à vista dos pratos arrependeu-se de não ter escolhido o pato.
Olhando pelo retrovisor, reconhece que o Portugal Fashion ajudou a construir a imagem de Portugal como um país mais sofisticado e contribuiu decisivamente para o aumento do valor acrescentado das exportações de têxtil e vestuário, que registam mais valor com menos peças.
Olhando para a frente, não tem dúvidas, o Fashion é para manter lá em cima, atraindo público jovem e os jornalistas, nacionais e estrangeiros, com a sua qualidade e glamour, mas não se pode nunca perder de vista o objectivo final: “Transformar os nossos designers em marcas que sejam negócios”.
“Há duas coisas essenciais. Uma é a internacionalização. Daí as presenças regulares em Londres e Paris e termos estado agora, pela primeira vez, na Semana de Moda de Milão, com o Carlos Gil e o Miguel Vieira. A outra consiste em subir o grau de exigência, de modo a que os novos designers apresentem coleções vendáveis que se transformem em negócios e gerem riqueza para o país e para eles próprios”,
A moda deve muito à ANJE, mas o empreendedorismo ainda lhe deve muito mais – quase tudo. “Fomos a primeira organização a falar disso, a introduzir a palavra no léxico. Mas está tudo a mudar muito rapidamente, incluindo a própria definição, que agora tem de ser de banda larga”, alerta João Rafael Koehler.
A maioria das pessoas associam o conceito a empresas inovadoras, de alta tecnologia, fornecedoras da NASA, mas o empreendedorismo de banda larga de que nos fala o presidente da ANJE engloba também arrancar com negócios tradicionais, como uma oficina de bate chapas, um salão de cabeleireira ou uma loja de mediação imobiliária – e até mesmo o funcionário público que não se acomoda, e tem uma atitude empreendedora, pondo em prática ideia inovadoras.
“No Facebook estão a aparecer muitos micro-negócios, gente a vender bijuteria, coisas recicladas ou em segunda mão, a organizar a partilha de boleias. Ainda não se olhou a sério para este este tipo de negócios. Neste ambiente de desemprego massivo, o auto-emprego é um dos caminhos. Os tempos de crise são favoráveis ao empreendedorismo. Quando o barco está a afundar, toda a gente sabe onde estão os coletes salva vidas”, conclui este industrial irrequieto que aprendeu a ser paciente no karaté.
Presidente da Anje, João Rafael, 43 anos, é licenciado em Direito (Católica do Porto), tem um mestrado em Relações Internacionais e o nível Proficiency do Instituto Britânico. Deu explicações e aulas de inglês no Secundário. Entre os 11 e os 18 anos praticou karaté (“um desporto individual que exercita a paciência”), modalidade em que se sagrou campeão nacional juvenil. Foi assistente de Vieira de Carvalho na cadeira de “Administração Pública Autárquica”, no ISMAI, e assessor, na Câmara de Valongo, do presidente Fernando Melo, antes de ir para a Colquímica, a empresa da família onde é administrador executivo. Faz parte do integra o grupo de promotores da ElastiTek, um investimento industrial de 13 milhões de euros, em Ovar, que produz polietileno, uma fibra usada, entre outras coisas, no fabrico de fraldas. Tem quatro filhos.
Rua do Padrão 100 4150-557 Porto
Sopa de espinafres, espargos verdes, corvina au beurre noir com amêndoa tostada, confit de pato, Quinta do Castro branco, dois cafés