T57 - Outubro 2020
Dois cafés & a conta

T

Crème de la crème
Ralph Lauren, El Corte Inglès e as cadeias Eroski e Bierdronka são algumas das clientes da empresa
É muito fio
A empresa tem hoje capacidade de fiação de cardado para uma média de seis toneladas por dia
João Paulo Sampaio

“Ainda hoje somos uma espécie de salvaguarda dos cobertores de papa, que fazemos ininterruptamente há 70 anos”, explica João Paulo Sampaio, Administrador da Têxteis Evaristo Sampaio

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este côro é que se está bem! Mesmo sendo o convidado, João Paulo Sampaio fez questão de receber o T no espaço das Casas do Côro, um requintado empreendimento de turismo ambiental que criou com a mulher, Carmen, aproveitando um agregado de casinhas de granito no centro da Aldeia Histórica de Marialva. Um oásis de charme, classe e bom gosto, que procuram agora replicar no Douro, no Pocinho, com as Casas da Linha Férrea.

Não admira, por isso, a procura por parte de gente de todo o lado, tendo recentemente agregado a componente de enoturismo. Os vinhos, na mesma linha de grande qualidade e requinte, são vendidos na lojinha do Largo do Côro onde também fazem grande sucesso as confortáveis mantas Lordelo, a marca da Têxteis Evaristo Sampaio, que é o outro negócio da família há quatro gerações.

Em tempos de pandemia e restrições, percebe-se bem o diferente entusiasmo com que aborda o ritmo das duas vertentes empresariais. A têxtil é uma das históricas fábricas de lanifícios da região da Guarda, com origem no fabrico dos cobertores de papa. “Ainda hoje somos uma espécie de salvaguarda do produto, que fazemos ininterruptamente há 70 anos, desde o meu bisavô, Manuel Cunha Sampaio”, expõe João Paulo.

Localizada na aldeia de Trinta e aproveitando a força das águas do rio Mondego, a fábrica teve abastecimento de electricidade ainda antes da cidade da Guarda, a partir da Central Hidroelétrica do Pateiro. Foi já nos anos 60 do século passado que o seu pai, Evaristo Sampaio, “tirou a empresa do rio”, construindo na aldeia uma moderna unidade industrial e baptizou como Têxteis Evaristo Sampaio.

A empresa tem hoje capacidade de fiação de cardado para uma média de seis toneladas por dia, e a par do fabrico das mantas da marca própria Lordelo e de cobertores de papa, fornece também várias tapeçarias e fabricantes de peúgas.

À pergunta de quando ou como pode retomar o negócio depois da pandemia, João Paulo Sampaio responde com outra questão: “E quem serei eu para o saber? É viver o dia-a-dia e enfrentar as dificuldades”, explica, contando que, apesar de tudo, nunca teve trabalhadores em lay-off e que a empresa ainda foi a escolhida “em tês ou quatro concursos públicos para o fornecimento de cobertores hospitalares”. Por outro lado, em Itália, onde costuma liderar concursos públicos, “agora é zero. Zero!”

A esperança, agora, é que a retoma venha o mais rápido possível, “de forma a permitir proteger a indústria e o património”.

A fábrica, que em 2000  chegou a empregar  mais de mil pessoas, conta hoje com 40 colaboradores. A mulher, Carmen, é a designer, e a irmã Filipa é o seu braço direito assumindo também a direção comercial.

As mantas de aquecimento para conforto e decoração são um produto de prestígio mas não de primeira necessidade. E perderam procura com o aparecimento dos fios industriais, das  colchas, edredões ou, mais recentemente, as malhas polares.

Além da marca própria Lordelo – que já junta peúgas ao portfólio – a Têxteis Evaristo Sampaio tem fabricado também para a Ralph Lauren, El Corte Inglès ou cadeias de distribuição como Eroski e Bierdronka (Polónia).

Perfil

Nunca foi do estilo “quando for grande quero ficar na empresa”, mas a missão foi-lhe sendo incutida desde pequeno. Começou em 1985 pela parte financeira e industrial, e em 2015, com a reforma do pai, assumiu a gestão por inteiro. Divide o tempo com o projecto turístico Casas do Côro, cuja gestão partilha com a mulher – “a Carmen é o pilar da família” e o apoio dos cinco filhos de ambos. Pedro, 27 anos, fez gestão hoteleira que veio mesmo a calhar; Francisca, 25, jornalismo e que fazer um master na Católica; Joana, 23, acabou Sociologia; Rita, 18, vai agora para Markting. A mais nova, Rasarinho, 15 anos, gosta de pastelaria e já a famosa da família. Foi finalista do Masterchef Júnior e sonha entrar no Basque Culinary Center

RESTAURANTE
Casas do Côro
Largo do Côro
6430-081 Marialva – Meda

Entradas Pão com figos; grissini com ervas, de confeção caseira; creme e espargos com azeite de alho negro Prato Bacalhau desmontado Sobremesas Toucinho de céu e bolo de chocolate Bebidas Vinho Casas do Côro Reserva 2018, branco e tinto; Porto Vintage 1982 Ramos Pinto

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