T53 - Maio 20
Dois cafés & a conta

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Esforço de Equipa
"Todos os dias das seis da manhã à meia-noite e incluindo os fins-de-semana, o CITEVE contínua numa maratona"
Ameaça é oportunidade
“Foi o melhor quer podia ter acontecido ao sector, que só tem a ganhar mas tem que dar da perna”
Braz Costa

Ainda a meio de uma maratona, aquela que a equipa do CITEVE tem vindo a empreender desde o início da pandemia em Portugal, Braz Costa fez uma pausa elogiar a resiliência e criatividade das empresas portuguesas. Daí até se tornarem em fornecedores de excelência para a Europa, é só uma questão de "dar à perna"

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s dias correm a duzentos para o director-geral do CITEVE mas o esforço compensa. “Fico contente que a indústria têxtil tenha iniciado o processo de forma voluntarista, para ajudar, e tenha evoluído para o negócio”, diz António Braz Costa, lembrando as primeiras reuniões em que o Governo convocou os vários sectores para analisar as respostas no combate à pandemia Covid-19. “Queriam importar tudo”, mas, tal como no passado recente, a têxtil mostrou que vai à luta e não se deixa abater.

Em poucos dias o país sabia que podia contar com a sua indústria na produção dos necessários equipamentos de protecção, tendo passado ao lado das aflições, processos especulativos e fraudes, com que as encomendas asiáticas acabaram por confrontar boa parte dos parceiros europeus.

Uma maratona que para o CITEVE ainda não acabou, com amostras e produtos para análise e certificação que continuam a chegar às centenas todos os dias. “Foi a partir do dia 16 de Abril, quando saíram a normas, que a coisa disparou. Acima das 200 amostras por dia. Foi como com o papel higiénico, as pessoas chegavam a casa carregadas e no dia seguinte voltavam com mais”, ironiza Braz Costa para dar conta da tarefa para a qual o centro tecnológico teve que se preparar.

Um esforço que obrigou à reorganização interna, ao reforço de equipamentos e à afetação aos laboratórios de praticamente todo o pessoal. “Todos os dias das seis da manhã à meia-noite e incluindo os fins-de-semana, o CITEVE contínua em ritmo de maratona”, reforça o diretor-geral, que refuta algumas críticas que aqui e ali também se foram ouvindo.

“Grande parte apenas maledicência interessada”, nota. “Percebo a pressão dos prazos, negócios que precisavam da certificação para serem fechados. As pessoas têm legitimidade para falar, mas não têm razão. Ponto!”. E faz questão de esclarecer que nem haveria sequer qualquer hipótese de escolha ou favorecimento: “Quando chegam, as amostras são cadastradas, é-lhes atribuído um código de barras e seguem por ordem por caminhos diversificados consoante as especificações sendo produzidos os respetivos relatórios. Só no final é que tudo é junto e se sabe a quem corresponde aquele código”, explica Braz Costa, que para os mais céticos deixa ainda outra hipótese: “Somos um laboratório acreditado e está tudo registado”.

E quanto a demoras, compara com o mínimo de 12 semanas em Espanha ou os 40 dias úteis em França e taxas que chegam aos 1.200 euros, como referem empresas desses países que procuram o CITEVE.

Braz Costa prefere antes salientar a capacidade de reacção das nossas empresas e que “Portugal tem condições para agarrar esta oportunidade única” que se antevê com o pós-Covid, depois da aflição com a dependência da China. “A noção de reserva estratégica tem que ser revista, a Europa tem que ter uma produção mínima. E o que está a acontecer na área médica vai passar também para a moda”, antevê. E a forma como as empresas reagiram – “sem ficarem à espera” – é o melhor dos augúrios. “Foi o melhor quer podia ter acontecido ao sector, que só tem a ganhar mas tem que dar da perna”, avisa.

Cabe agora à Europa decidir o que vai fazer com a China, mas Portugal arranca em vantagem. “É que já lá estamos. Mantivemos cultura têxtil e um sistema industrial verticalizado”, diz, mas vai avisando que os países mais ricos também se posicionam: “A Alemanha já retomou a produção dos TNT e está a instalar fábricas com máquinas que ninguém imaginaria”.

Braz Costa lembra até a forma como é subsidiada a produção de leite para frisar que tudo depende das políticas que a EU venha a adotar. Mas uma coisa é certa: “Não podem deixar de olhar para esta disponibilidade de produção têxtil que Portugal oferece”.

Perfil

Nasceu e cresceu em Águeda, onde estudou até ao 12º ano, quando teve de escolher entre duas paixões: a Música (estudou flauta no Conservatório) e a Engenharia - impôs-se a racionalidade económica. Sempre sonhou com a FEUP, mas mudou de ideias na última hora, ao ver que o curso da UMinho incluía Programação de Computadores. Ficou por Braga, sem nunca antes lá ter posto os pés. Com a tropa pelo meio do curso, iniciou a carreira de engenheiro mecânico numa fábrica que fornecia Renault e Volvo, a par da UM, como professor e investigador. Deu nas vistas ao fundar o IDIT Minho, onde esteve oito anos, até aceitar ser diretor-geral do CITEVE. É viúvo e tem dois filhos: Inês, 28 anos (lic. em Marketing e Administração) e Miguel, 23 anos (lic. em Música).

RESTAURANTE
Casa de Pasto de Pouve
Rua Zeferino Rodrigues Carneiro, 125
4770-680 Seide – VN Famalicão

Entradas Presunto e rissóis Prato Bacalhau à Brás e Costelinhas de porco com favas Bebida Vinho verde branco da casa e dois cafés

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