Por um novo choque fiscal
T50 - Janeiro
Fevereiro

José Alberto Robalo

Presidente da ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios
N

o passado dia 3 de Janeiro procurei, apoiado em alguma ironia, responder às afirmações do ministro Santos Silva acerca da gestão empresarial portuguesa. Para isso acabei por criticar bastante a linha governamental que tem dirigido Portugal nos últimos anos. Não querendo seguir exemplos passados, talvez seja correcto e mais pedagógico, apresentar algumas sugestões que considero vitais para a sobrevivência e desenvolvimento das nossas empresas. 

Com aquilo que tem sido a linha governamental apresentada nos diversos Orçamentos de Estado, mais uma vez o nosso governo opta por métodos de sancionatórios em vez de apostar em benefícios no que diz respeito às boas práticas em relação ao ambiente, saúde pública e sustentabilidade. 

Estas medidas punitivas, que inicialmente podem parecer a melhor resposta para a proteção ambiental, acabam por ameaçar cortar as asas a qualquer empresa que queira realmente agir de forma a alterar os seus métodos de produção para se tornar uma empresa sustentável. Não só as novas taxas de carbono sobre os combustíveis, e outras, vêm aumentar a carga fiscal futura, como também dificultam que essas mesmas empresas possam gerar lucros aplicáveis a novos métodos de produção mais amigos do ambiente. 

Assim, vamos assistindo a que boa parte do esforço financeiro que podia ser canalizado pelas empresas para que a Indústria, como um todo, evoluísse no sentido de ser uma referência para a sustentabilidade no mundo, seja desviado para a despesa pública, sem que esta se mostre capaz de criar mecanismos para o desenvolvimento dessa mesma sustentabilidade ambiental e social.

A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Só é possível ter uma economia forte, capaz de servir os seus cidadãos e garantir o estado social com empresas fortes e competitivas. Para isso, há que promover um autêntico choque fiscal que salve as empresas desta asfixia que lentamente as condena, e desenvolver uma estratégia económica que possa salvar o tecido empresarial existente e promover o aparecimento de novas empresas. 

Veja-se exemplos de empresas portuguesas que mudaram as suas sedes para países europeus onde a carga fiscal e parafiscal é mais baixa, prejudicando a sua imagem e diminuindo a sua contribuição para a economia nacional. 

As únicas empresas que não são afectadas pela actual política fiscal são aquelas que operam em regimes de quase-monopólio e que não têm que concorrer numa economia global, como tem que o fazer a têxtil. 

Concluindo, a continuar com as actuais políticas de criação, a um ritmo alucinante, de impostos e taxas, para além das que já existem, bem podemos esperar pelo D. Sebastião do capital estrangeiro, que o nosso governo parece tanto ansiar, que no nevoeiro da nossa realidade política irá sempre investir noutros países onde as condições são muito mais vantajosas que em Portugal.

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