O importante é vender valor
T29 Fevereiro 2018

Paulo Vaz

Diretor Geral da ATP e Editor do T
O

s primeiros sinais que nos chegam das feiras do sector têxtil e vestuário no início do ano são positivos e podem fazer-nos pensar no ano que agora arranca como de crescimento, a exemplo de todos os restantes que fizeram a década que vivemos.

Trata-se, pois, de uma oportunidade de ouro, aproveitando a bonança, para nos preparamos para anos mais difíceis que acabarão por chegar, mais adiante, quando o ciclo económico mudar e quando for necessário realizar ajustamentos, por ventura penosos.

Não há crescimentos eternos, mas poderíamos ter tido uma decadência irreversível, não soubéssemos ter desenhado estratégias de superação, ao nível do sector e ao nível das empresas, no momento próprio. É, pois, nossa obrigação, colocar não apenas a “cigarra” a cantar o nosso sucesso, de modo a o sector obter o merecido reconhecimento, interno e externo, mas também a “formiga” a laborar, preparando tempos mais agrestes, de modo a que nunca mais sejamos apanhados desprevenidos pela crise e para que existam fórmulas afinadas para a enfrentar quando surgir.

Além disso, o trajeto de sucesso que a indústria têxtil e vestuário tem tido, aliás já reconhecido como “case study” internacional, exemplo de um país desenvolvido que está a ser bem-sucedido na reindustrialização, apesar de a maioria dos fatores competitivos – energia, custos de mão-de-obra e quadro fiscal – se terem entretanto agravado, não nos pode iludir sobre o muito que ainda há a conquistar, pois, tal como já tenho referido, depois de termos resistido, de termos reconquistado volume de negócios, exportações, quota de mercado e até algum emprego, falta ganhar o campeonato da inovação, do valor acrescentado e da rentabilidade.

Muito mais importante que vender volume é vender valor. Este é o desafio da década que está a chegar e ele é bem mais difícil do que os que até agora enfrentamos, pois entre o céu, que queremos conquistar, e o inferno que é a disputa pelo preço, há o limbo onde todos se perdem, muitas vezes sem dar por isso.

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