T46 Setembro 19
Corte & costura

Júlio Magalhães

A abrir horizontes
O trabalho de Inês Torcato tem atraído a atenção de clientes franceses, japoneses, nórdicos e russos
Inês Torcato

Inês orgulha-se de ter subido a pulso na moda nacional. Aliás, vê no facto de ser filha de Júlio Torcato um motivo para esforços redobrados e não para facilidades. Agora, com apenas 27 anos, criou já o seu próprio espaço, não só nas passarelas, mas também no mercado nacional e internacional.

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ue importância teve para ti teres subido a pulso todos os escalões, mesmo sabendo-se que há muito tens um pai e um nome consagrados no mundo da moda ?

Toda! Sempre soube que ia ser difícil crescer na área da moda sem estar de alguma forma colada ao nome do meu pai. Desde que comecei a estudar decidi adoptar o nome de família da minha mãe, para criar algum distanciamento e, também, para transmitir essa intenção mesmo a quem soubesse quem era o meu pai. Acho que isto me obrigou a ter um esforço duplo em tudo, para provar que o meu trabalho em nome individual poderia ter potencial por si só.

São raros os designers que se preocupam com os negócios e abrem lojas logo no início da  carreira. Como está a correr a experiência ?

Muito positiva. Não só pelos resultados comerciais mas também pelo contacto directo com o consumidor, que é muito importante. Claro que foi um risco, e há sempre muita incerteza, mas o facto de o espaço ser dividido entre mim e o meu pai e ter o apoio e o suporte da família foi muito importante nessa decisão.

Já começaste a pensar na internacionalização. Que mercados pensas explorar primeiro?

Já tenho dado alguns passos nesse sentido, e este ano estou a consolidar o projecto e a tentar caminhar numa direcção mais certeira. Para já fiz acções comerciais, tanto em formato de feira como showroom, em Milão e Paris porque são as duas capitais com mais visitas de clientes internacionais. Nem só da Europa mas de todo o mundo. Do feedback que tenho tido, o maior interesse vem dos clientes franceses, japoneses, países nórdicos e até russos.

Quem diferenças mais sentiste quando deixaste o Bloom e acedeste à passarela principal do Portugal Fashion?

A responsabilidade e a liberdade. Sempre senti uma grande responsabilidade e quase que uma obrigação de estar à altura das expectativas. Acho que este é um peso que me traz o meu nome. No Bloom era a oportunidade que de começar a transmitir a minha estética e uma imagem marcada. Quando veio o convite para a plataforma principal do Portugal Fashion senti uma responsabilidade ainda maior, já que era um grande voto de confiança no meu trabalho. Mas também uma liberdade muito maior, a minha oportunidade de transmitir aquilo que quero e que tudo é permitido.

 

Perfil

Designer, foi uma das mais jovens de sempre a levar a sua colecção à passarela do Portugal Fashion. O reconhecimento começou logo na plataforma Bloom, para jovens criadores, e desde então não mais parou de receber prémios e distinções. Destacada como um dos mais jovens talentos, a moda e criatividade está-lhe colada ao nome de família, mas sempre isso constituiu a melhor ajuda.

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