Júlio Magalhães
Embaixadora de Portugal na Etiópia, que na sequência da última Africa Sourcing and Fashion Week (ASFW), realizada em novembro, em Adis Abeba, saúda a Selectiva Moda e presença das empresas portuguesas. Um evento de dimensão continental, com a participação de cerca de 300 expositores de quase três dezenas de países, e que se afigura como um dos certames mais importantes para os setores têxtil e da moda no continente africano. A embaixadora Helena Malcata acompanhou na altura a presença portuguesa na feira e deixou as suas impressões em resposta a um curto questionário do T Jornal
omo analisa a presença das empresas portuguesas na África Sourcing and Fashion Week?
“É de realçar e congratular a Associação Selectiva Moda e as empresas portuguesas participantes, pela primeira vez, neste evento de dimensão continental: é muito importante a presença neste tipo de feiras pelas pontes e oportunidades que abre entre investidores, possíveis parceiros e clientes”.
Num país em profunda mudança, qual a impressão deixada pela nossa representação na feira?
“O stand da comitiva portuguesa destacou-se de outros participantes na ASFW pela apresentação de produtos de elevada qualidade e conceitos modernos, sustentáveis e vanguardistas, que caracterizam a indústria têxtil e do vestuário portuguesa, tal como é reconhecida em todos os cantos do mundo”.
A presença do têxtil português na Etiópia tem possibilidades de se desenvolver e aprofundar no futuro?
Todos os mercados presentes na ASFW têm oportunidades que podem vir a ser exploradas por exportadores portugueses. São mercados em franco crescimento, que oferecem oportunidades, embora exista uma concorrência importante da parte de outros intervenientes do setor. Daí que seja fundamental a participação das empresas nacionais neste tipo de iniciativas, que permitem mostrar o que diferencia a indústria têxtil nacional.
De qualquer modo, a Etiópia conseguiu ascender à condição de economia emergente e tem atraindo investimento internacional, pode ser vista como um caso especial?
São cada vez mais as empresas de renome internacional que estão presentes no terreno, fruto de incentivos para o estabelecimento de empresas e das medidas para captar investimento externo. Em termos das caraterísticas específicas do mercado etíope, a aposta nos produtos sustentáveis é hoje inevitável para as empresas que pretendam vingar e liderar no futuro na sua área de atividade.E não é diferente nos outros mercados africanos, onde o impacto ambiental da indústria é também um fator de debate. Os próprios produtores locais privilegiam a criação de produtos sustentáveis, valorizando assim os seus produtos.
Em termos de posicionamento, como avalia a presença dos empresários nacionais?
Nesta feira a comitiva portuguesa apresentou produtos sustentáveis, o que, aliado à qualidade dos mesmos, marcou a meu ver a diferença em favor da participação nacional.
A Embaixadora de Portugal na Etiópia é licenciada em Direito e pós-graduada em Estudos Europeus pela Universidade Católica Portuguesa. Entre 1992, quando iniciou sua carreira diplomática, e os dias de hoje trabalhou em lugares como a União Européia e a ONU. Agora está colocada em Adis Abeba, onde é a representante portuguesa