T39 - Janeiro 19
Corte & costura

Júlio Magalhães

Gostar do que é nosso
Sempre que posso faço questão de comprar made in Portugal. Temos uma qualidade de excelência. Há muito talento cá
Francisca Miguel

Francisca Miguel, 24 anos, fez o curso de comunicação mas, por enquanto, as prioridades concentram-se na moda, que em Portugal, segundo ela, atravessa uma fase de otimismo e de evolução criativa.

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lgumas pessoas gostam de dizer que os manequins na passerelle são cabides ambulantes da roupa que mostram. Concordas?
Acho que essa expressão, quando dita sem um vínculo humorístico está completamente ultrapassada, transparecendo até alguma ignorância. Mas cada vez há mais consciência de que o trabalho de um manequim é bem mais do que isso. Os manequins são seres humanos que dão vida a peças de roupa. Um bom manequim tem a capacidade de valorizar a peça, seja com as suas características físicas, seja com a sua atitude…

Fizeste uma produção de moda muito arriscada pendurada num guindaste no centro histórico do Porto. Foi um trabalho marcante ou desafios destes para ti são o pão nosso de cada dia?
Já tive diversos desafios improváveis, mas confesso que esse foi o meu trabalho mais marcante em termos de adrenalina. Estar em volta de um arco a vários metros do chão e presa por um guindaste em pleno centro do Porto, foi uma sensação muito libertadora. Tinha de estar com as mãos e os pés bem presos no arco para não correr o risco de cair mas quando dei por mim já estava com uma perna ou um braço no ar para conseguir uma maior variação de poses. Foi sem dúvida um desafio inesquecível.

Como é que a tua geração de modelos vê o actual estado da moda portuguesa?
A moda portuguesa atravessa uma fase de otimismo e de evolução em termos criativos. Há uma necessidade constante de evoluir, de voar mais alto, de marcar e podemos verificar a projecção que se tem vindo a ganhar em diversos contextos.

Como consumidora gostas e compras made in Portugal, ou só as marcas com sotaque estrangeiro é que te seduzem?
Sempre que posso faço questão de comprar made in Portugal. Não apenas porque me sinto bem mas também porque temos uma qualidade de excelência que tem vindo a ganhar posicionamento e a confiança dos consumidores portugueses e além fronteiras. A ideia pré concebida de que só o que vem de fora é bom é completamente absurda. Existe muito talento cá.

Sara Sampaio é uma exceção que confirma a regra, ou são as modelos portuguesas que têm pouco espírito de aventura para arriscar sair da sua zona de conforto como ela arriscou?
Aliado a todo o seu mérito, a Sara alcançou o mediatismo e soube mantê-lo. Somos um mercado pequeno mas temos vindo a ganhar espaço e recentemente vários manequins portugueses têm vindo a atingir excelentes metas internacionais. Nem todos os manequins têm espírito de sacrifício para sair da sua zona de conforto, mas isso não é suficiente, não é um processo assim tão fácil. São necessárias muitas bases e oportunidades que nem sempre chegam.

Se pudesses escolher, porque marca, nacional ou internacional, é que gostavas de dar a cara?
Philipp Plein. Por ser uma marca de referência com que me identifico.

Perfil

Francisca Miguel, 24 anos. Como modelo, o compromisso com a vida saudável faz parte da profissão. Não come carnes vermelhas, evita os carboidratos e passa horas no ginásio. O único pecado são os doces, que compensa com os passeios à beira-mar que também lhe dão grande prazer. Não dispensa a companhia do Snow (o seu cão) enquanto vê filmes e séries na TV. Fez o curso de comunicação mas, por enquanto, as prioridades concentram-se na moda

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