Viseu. Uma grande história é tecida a linho
T42 Abril 19

Jorge Sobrado

Vereador da Cultura, Património, Turismo e Marketing Territorial de Viseu
D

e todas as inúmeras viagens que é possível realizar em Viseu e a partir da sua cidade-jardim – entre as quais se incluem os percursos que vão da milenar e enigmática Cava de Viriato aos magníficos claustros renascentistas da Sé; do Jardim do Éden que é a Mata do Fontelo à imponente via romana de Coimbrões; da coleção de arte do mestre Grão Vasco às joias de quartzo organizadas junto ao Monte de Santa Luzia pela ciência de Galopim de Carvalho; das quintas vinhateiras do Dão em Silgueiros, São João de Lourosa ou Fragosela aos restaurantes beiraltinos de bem-saber e bem-fazer e às tasquinhas tradicionais como a Manhosa ou o Senta-Aí; do picadeiro da multisecular e hoje revitalizada Feira de São Mateus às serras do Caramulo e da Estrela; do mito heroico de Viriato às histórias de carne-e-osso de D. Henrique, Duque de Viseu, ou D. Miguel da Silva and so on – uma descreve a história quase secreta que liga a capital da Beira Alta ao maravilhoso mundo antigo e sempre novo do têxtil.

Sem excesso se pode dizer que Viseu é uma grande história tecida a linho. No concelho, na aldeia-milagre de Várzea de Calde, mora uma comunidade de mulheres (pouco mais de duas dezenas) que se dedica zelosamente ao ciclo artesanal do linho, da sementeira à tecelagem, num paciente harmónio de processos e etapas ao longo de todo o ano, que cumpre uma tradição mais que milenar. Ainda hoje é possível visitar esta comunidade viva e cultural ancestral, em Viseu, junto da qual funciona uma cooperativa e uma oficina, um serviço educativo (a Academia do Linho de Várzea de Calde), um museu na antiga casa de campo e um grupo etnográfico – porque o trabalho sempre foi sofrido, mas também cantado.

Essa sagrada tradição do linho em Viseu é reencarnada, por assim dizer, na atualidade por novas indústrias que representam um novo padrão de excelência e sofisticação, de design e criteriosa seleção de matérias-primas, na qual se destaca a empresa HABIDECOR, de Celso de Lemos. Profundamente apaixonado e comprometido com a sua terra e os seus valores, este empreendedor e embaixador de Portugal fundou marcas próprias de têxtil-lar que representam o melhor do saber-fazer nacional no mundo. Como se lê no site da empresa, Celso de Lemos oferece “criações feitas do melhor algodão, da mais nobre seda, de linda caxemira e linho único (…), onde o conhecimento do passado se encontra com o modernismo”.

Implantados numa arrebatadora encosta do rio Dão, a Quinta de Lemos e o restaurante Mesa de Lemos, unidades inseridas no grupo Celso de Lemos, são testemunhos desse amor pela terra e por uma genuína tradição de excelência e hospitalidade. (A mesma da aldeia de Várzea.) No Mesa de Lemos, pela mão do Chef Diogo Rocha, fazemos a arrebatadora viagem que parte dos delicados e sofisticados têxteis da casa até chegar aos sabores autênticos das terras de Viseu.

Quem disse que um destino clássico não pode ser criativo e surpreendente?

Partilhar