Braz Costa
ra cá estamos mais uma vez a debatermo-nos com a incerteza. Já é hábito, nada de novo!
Quando em setembro passado, numa conversa com empresários brasileiros, falava de uma década de crescimento da ITV portuguesa e manifestei o receio, com base na estatística, de que alguma ‘desgraça’ estivesse a caminho, estava longe de imaginar o que o início de 2020 nos iria trazer.
Poderia ter havido outra desvalorização da Lira turca, poderia Portugal ter ficado entalado nas guerras comerciais entre China e Estados Unidos, poderia ter surgido uma praga de gafanhotos nos campos de algodão por esse mundo fora.
Em boa verdade, sendo a ITV tão exposta à globalização qualquer ventania em qualquer parte do mundo poderia gerar uma descontinuidade na evolução positiva desta indústria em Portugal.
Agora, uma pandemia? Isso não!
A realidade ultrapassou mais uma vez a capacidade imaginativa dos humanos, mesmo dos mais atentos.
Seria natural que usasse este espaço para enaltecer a capacidade de reação imediata da ITV aos efeitos da pandemia ou de como EPIs e Máscaras foram um exemplo claro da capacidade de adaptação deste setor em Portugal. Mas não.
Poderia também fazer de estratega iluminado e vir dizer que o mundo nunca mais será como era. Também não.
Tão simplesmente basear-me na observação para dizer que nenhum dos desafios que a ITV tinha pela frente antes da pandemia deixaram de fazer sentido, porventura se intensificaram e terão ainda maior importância na esteira dos efeitos do vírus.
Então, proponho-me pôr a mão dentro da cartola, procurar as orelhas do láparo e… tcharaaaaan!!!!
– A sustentabilidade, a economia circular e a bioeconimia.
– A alta tecnicidade ((agora com novas oportunidades trazidas pelo COVID19) e os segmentos altos incluindo o luxo.
– A transição digital.
Em nada esta pandemia destruiu o percurso já feito pela ITV nestes domínios, pelo contrário só lhe deu ainda mais relevância, pelo que só faz sentido dar-lhes continuidade.
Em tempo de sol e de mar é adequado lembrar que, por mais sofisticada que seja a prancha de surf que tenhamos, as ondas que se perdem nunca mais se recuperam!