Ana Paula Dinis
ITMF lançou muito recentemente um inquérito à situação económica dirigido a players da cadeia de fornecimento têxtil à escala global. Os resultados vieram confirmar que a recuperação não é esperada para já.
Desde meados de 2022 que os empresários têxteis têm vindo a agravar as suas respostas relativas à evolução da situação económica.
As principais razões já as conhecemos: deterioração da procura nos mercados de consumo final, afetada sobretudo pelas elevadas taxas de inflação que não têm descido tão depressa quanto o esperado e desejado.
Inflação que, como sabemos, se estendeu a todos os sectores e a um leque variado de bens e serviços, desde a alimentação aos transportes, impondo constrangimentos às famílias e às empresas. Em muitos países os salários foram aumentados substancialmente para dar resposta a esta situação e melhorar o rendimento disponível das famílias. Mas aumentar salários significa aumentar custos de produção (já de si inflacionados pela subida dos preços da energia, combustíveis e matérias-primas). Aumentar custos de produção significa aumentar preços dos bens e estamos a viver uma espiral de subida de preços que esperamos ver resolvida em breve para bem de todos.
De acordo com este inquérito, a fraca situação do negócio é partilhada por todos os segmentos na cadeia de fornecimento, desde os produtores de máquinas têxteis aos produtores de fibras, fios, tecidos, acabamentos, têxteis técnicos ou têxteis-lar e naturalmente a moda não está excluída. Situação partilhada por todas as regiões do globo, mais ou menos de uma forma equivalente.
E se no início do ano poderíamos pensar que a situação energética estaria mais controlada e que o fim das restrições COVID na China poderia ajudar a animar o mercado, a verdade é que o consumo global de têxteis e vestuário permaneceu frouxo, atirando para o final do ano, início do próximo uma possível recuperação da procura neste negócio.
Para além das preocupações relacionadas com a procura, os preços, a inflação, os custos, mais empresários destacaram as questões de geopolítica como preocupações crescentes que poderão trazer novos constrangimentos. Esperamos que não, porque isto já não está nada fácil…