T82 – As marcas de moda nacionais – de onde vêm e para onde vão no caminho da promoção e internacionalização
T82 - Abril 23

Elsa Dionísio

Fashion Business Consultant
I

ndependentemente da autoria e contexto que levam o projeto a converter-se em negócio, uma marca de moda carece de posicionamento, comunicação e canais de distribuição para atingir os resultados que (não raras vezes só) se alcançam e mantém através da internacionalização. 

Da génese da constituição dos negócios das marcas de moda nacionais destacamos 3 vias:  marca de autor, marca independente mais comercial e marca provinda do seio industrial. 

Na moda de autor inscrevem-se nomes como Miguel Vieira, Fátima Lopes, etc. Até pouco antes da pandemia teriam a sua loja própria e estariam presentes em algumas concept stores nacionais e internacionais. Com a pandemia foi imperativo criarem o seu canal próprio de vendas digital.  A apresentação destas coleções é feita durante as semanas de moda e não se deve esgotar no momento de comunicação do desfile.  Rentabilizá-lo significa disponibilizar a coleção atempadamente a buyers, agentes e distribuidores (em showrooms físicos e digitais), durante as market weeks. 

As marcas independentes comerciais nacionais apresentam maior dinâmica nos diferentes canais de distribuição – lojas próprias, revenda, franchising, presença junto ao consumidor final. 

Constituindo casos bem-sucedidos ao nível da expansão internacional, muitos desconhecem que marcas como a Parfois, Lion of Porches, Sanjo, Benamor, Mr. Blue, Oslo, são portuguesas.

Pelo volume de negócio e ampla implementação geográfica, a sua comunicação realiza-se através de campanhas de grande alcance. Encontram parceiros comerciais em feiras B2B, fazem prospeção de mercados e de grupos internacionais a operarem em moda. 

Uma das grandes oportunidades comerciais é exatamente a criação e (boa) gestão das marcas nacionais, elevando-as e posicionando-as entre as insígnias que retalhistas internacionais procuram. É aqui que as novas marcas devem apostar pois expandir e internacionalizar não se limitam à presença digital (esta comunica o ADN, novidades, drops e collabs, mas não é a estratégia, o modelo de negócio per se omnicanal).

Portugal continua a posicionar-se como país de referência no private label, sendo no seio de tal indústria que algumas marcas, repletas de características distintivas (design, qualidade, incorporação de materiais naturais, sustentáveis e inovadores, lead time, sustentabilidade financeira) têm surgido.

Nomes como Cristina Barros, Lemon Jelly, Burel Factory, etc. contam com showrooms, agentes nacionais e internacionais e estão presentes em retalhista multi-marcas.

A pandemia incentivou a proliferação de mais “marcas da indústria” e a corrida aos negócios digitais, diretos ao consumidor final. Os modelos de negócio de uma marca são distintos dos modelos de negócio da indústria de subcontratação. O caminho do branding, da gestão da marca, da definição de modelos comerciais, parcerias e mercados a abordar são questões essenciais.

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