Madalena Rocha Pereira
igada à Indústria e academia, desde logo conclui a importância e necessidade de o capital humano das Universidades ser constituído por dois tipos de perfis: com experiência na indústria e de carreira, especificamente no sector Têxtil e Vestuário e Marcas de Moda, especializados para a ITV e numa pedagogia de “aprender a fazer”. Mas como o sistema nem sempre permite esta conjugação, fomentar o estreitamento de relações foi sempre uma prioridade. Várias gerações tiveram sorte por terem tido este modelo na sua formação.
Num sector em constante transformação, que oscila com conjunturas económicas e políticas globais, para lá das especializações ao longo da vida e cursos específicos é fundamental dar a devida atenção às transformações dos mercados e empresas.
Na União Europeia legislam-se as novas regras que terão que ser cumpridas para 2026 e 2030 numa estratégia de Sustentabilidade, Economia Circular, Indústria 4.0. Áreas em que o sector tem investido nos últimos anos, se bem que as instituições de ensino só recentemente começaram a desenvolver formações globais na área da Sustentabilidade e Economia Circular.
A pandemia alterou comportamentos, o clima sofre graves alterações e as políticas no mundo produzem guerras com a consequente escassez de recursos e aumento dos preços. Precisamos todos de ter consciência do que consumimos e gastamos e, mais uma vez, a ITV está a ser colocada à prova.
Face a estas alterações, o Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis, com longa história na UBI, lançou, uma nova licenciatura em Tecnologia e Produto de Moda Sustentável – a funcionar já em Setembro deste ano – uma formação inovadora e eclética de perfil profissional, conferindo competências centrais para o projeto e desenvolvimento de produto moda físico e virtual/digital (tecidos, malhas e vestuário), incorporando os princípios da sustentabilidade e da economia circular, assente no conhecimento necessário e alargado das matérias primas, dos produtos e de todas as fases do processo produtivo.
Para além disso conferindo-lhe competências para a gestão integrada do planeamento, produção e qualidade, bem como competências para a atividade técnico-comercial e de sourcing de produto e ainda na produção para marcas nacionais e internacionais.
Para que possam adquirir estas valências é fundamental o conhecimento das tecnologias. Atualmente, recorrendo as ferramentas específicas, o digital e o desenvolvimento de produto moda digital/virtual é fundamental.
O ITV é um sector resiliente. A cultura e o cluster das grandes, médias e pequenas empresas são fundamentais para a sua continuidade e sucesso. Recordo que em 2005 os nossos políticos não acreditavam no sector, mas a indústria provou o contrário. A eles uma mensagem: não cometam o mesmo erro.
Não podemos parar, cada qual deve cumprir a sua função. Todos são importantes. Os recursos são escassos e teremos que os gastar para o necessário e fundamental, incluindo os apoios financeiros e impostos de todos nós.
Nada de novo, só temos que continuar a fazer o que apresenta bons resultados, agir, concretizar, comunicar e incentivar os jovens para o conhecimento do ecossistema da moda! E alguns lá fora dizem: aprendam a vender melhor o que têm de bom. Também aí temos evoluído significativamente com a experiência de internacionalização das empresas.