Hélder Rosendo
festa da ITMA, a maior feira mundial de equipamentos e tecnologias para a indústria têxtil, regressou este ano, passados quatro anos desde a última edição em Barcelona. Já se sabe que em Milão bateram-se alguns recordes: + 20% de área de exposição, mais 16% de expositores em relação ao anterior recorde de 2007, mais 10 países expositores e por aí fora.
E o ambiente? O ambiente era ótimo e a maioria dos expositores estavam altamente satisfeitos com a dinâmica de investimento que se respirava na feira…Dentro da panóplia de idiomas, religiões e crenças que coabitam nestas ocasiões, o português não fugiu à regra, e não só esteve fortemente representado no espectro de visitantes da feira, como teve direito aos célebres cartazes colocados em algumas máquinas importantes expostas a informar ”vendido a …., De Portugal”.
Confesso que não ia à espera de ver grandes revoluções tecnológicas, mas antes alguns apontamentos e melhorias pontuais, exceção feita à estamparia digital onde foi possível confirmar avanços interessantes em produtividade (confirma-se o single pass), qualidade e flexibilidade, nomeadamente com os pigmentos a estarem presentes por todo o lado.
Mas acima de tudo, foram os ganhos em sustentabilidade e os conceitos da Indústria 4.0, que dominaram a argumentação na grande maioria das áreas. Reduções importantes na percentagem de desperdícios, no consumo de energia e no consumo de água, combinações de formas complementes de energia para otimizar processos de secagem e por exemplo o aumento no número de soluções com vista à reciclagem/reutilização de desperdícios de processo, denotam a tónica crescente da gestão pela sustentabilidade e a importância da transformar esta boa performance numa vantagem competitiva e diferenciadora perante o consumidor, também ele cada vez mais sensível e educado sobre estas matérias.
Por outro lado, a evolução significativa ao nível da interface homem-máquina, com inúmeras soluções de robotização integradas, associadas a sistemas de monitorização on-line de dados de produto e de processo, cada vez mais rigorosos e detalhados, partilháveis e acessíveis nas mais variadas plataformas, mostram que o conceito de indústria 4.0 veio para ficar também na ITV.
Mas tudo isto seria ainda assim um pouco insosso, se não se tivessem vislumbrado aqui e ali alguns aumentos de produtividade, e isso foi notório em alguns casos específicos como no caso da fiação, onde por exemplo na bobinagem ou na cardação, se viram parangonas a apregoar +15% e mesmo +17%, com base em argumentos tecnológicos sólidos e como tal, suficientemente credíveis.
Em suma, a festa da tecnologia têxtil teve de tudo um pouco, mas acima de tudo fica o sabor forte da têxtil investidora, com confiança no futuro e com a sensação de que estão reunidos todos os ingredientes para uma indústria cada vez mais competitiva. Trabalhemos nesse sentido até Barcelona 2019!