Revoluções Industriais e os fatores críticos
T34 Julho & Agosto 18

João Gomes

Chief Operations Officer do CeNTI
S

empre fui um apaixonado pelas História, em particular pelo período clássico. O que sempre me prendeu nas análises históricas foram as conjugações de fatores críticos presos a um dado momento no tempo, que determinam as causas e consequências dos vários agentes de mudança, sejam eles humanos ou físicos. O mais aliciante deste estudo é compreender o caracter cíclico destes fatores e causas críticas, permitindo com uma analise mais atenta identificar os momentos de mudança, rebuscando o passado de forma a prever as respetivas consequências.

Esta perspetiva permite-nos compreender o nosso espaço na presente revolução industrial 4.0, e compreender para onde evoluir e posicionar a nossa industria para a próxima revolução.

Como será natural, compreendendo a natureza da nossa economia e a nossa infraestrutura industrial, dificilmente serão as nossas industrias a liderar movimentos revolucionários a nível tecnológico, mas estarão certamente em posição para serem os early adopters e pioneiros na introdução e alavancagem de novas tecnologias.

E aqui, uma vez mais, urge compreender quais os fatores críticos da nossa evolução e do nosso posicionamento. Quando olhamos para o saldo tecnológico oferecido por cada evolução/revolução tecnológica, verificamos que a ITV esteve sempre na linha da frente, e podemos sublinhar que no caso da primeira teve até o papel principal. Senão, vejamos que fatores iniciaram a primeira revolução industrial, e cujos fatores e causas são partilhados pela economia berço (Britânica) e pelas regiões early adopters (Nova Inglaterra, Ruhr, Hauts-de-France, Lombardia por exemplo).

No final do seculo XVIII, conjugamos o descaroçador de algodão de Eli Whitney, a máquina a vapor de James Watt e o tear mecânico de Edmund Cartwright no mesmo espaço comercial do Império Britânico, no seio da primeira verdadeira sociedade capitalista nos cânones de Adam Smith (1775), disponibilidade de investimento através do primeiro banco central/investimento (Banco de Inglaterra), e uma enorme frota mercantil expandida pelo globo. Podemos ainda adicionar uma sociedade onde a disponibilidade de mão-de-obra (por razões várias) disparou. Fatores críticos: inovação tecnológica, disponibilidade de investimento e recursos humanos, novos conceitos de abordagem aos mercados.

Transportando estes fatores para nossa realidade atual, teremos que atualizar os factores à nossa realidade. Mesmo considerando que o acesso aos mercados internacionais é hoje muito mais facilitado, poderemos concordar que a disponibilidade de recursos humanos qualificados, a infraestrutura e conjuntura industrial, o acesso ao financiamento/investimento e a inovação disruptiva são ainda fatores críticos para alavancar um novo impulso/revolução industrial no sector ITV.

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