RETOMAR AS ATIVIDADES E VENCER AS DIFICULDADES
T52 - Abril 20

João Costa

Presidente da Associação Seletiva Moda e membro da Direção da ATP
P

or necessidade de conter a propagação do vírus que assola Portugal e o mundo, e de modo particularmente intenso os países que são os nossos principais parceiros económicos – Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Estados Unidos da América -, encontramo-nos com a economia e a vida social globalmente mitigadas e com algumas atividades suspensas.

De entre essas, assumem predominante relevo as atividades de comercialização, no retalho, de produtos têxteis e vestuário, com os estabelecimentos de venda encerrados. E, como é natural, a paralisação do comércio transmite-se à indústria.

Logo a partir do final de março/princípio de abril, as encomendas às empresas industriais começaram a ser reduzidas ou até mesmo, em muitos casos, completamente anuladas. Também a paragem na produção de automóveis se transmitiu à produção de materiais de base têxtil para a indústria automóvel. E o mesmo aconteceu com outras atividades que utilizam produtos têxteis.

Tudo isto terá, inevitavelmente, um grande impacto negativo no STV, como o terá no desempenho da totalidade da economia, em que as atividades ligadas ao turismo, viagens, restauração e hotelaria, serão as mais afetadas e durante mais tempo.

No que respeita ao vestuário e moda, a estação de Primavera/Verão já estará em grande medida comprometida. A abertura e funcionamento do comércio, tanto em Portugal como na Europa, serão faseados e progressivos, o que, a associar ao início tardio das vendas, determinará que a dinâmica e o volume de negócios fiquem muito abaixo dos valores normais da estação.

Como não é possível continuar a prolongar o período de confinamento, com o nível atual de restrições na atividade económica e social, Portugal e os outros países terão necessariamente de determinar, além de outros procedimentos de prevenção, o uso generalizado de equipamentos de proteção individual no contacto social, designadamente em espaços fechados e no contacto interpessoal. Terá de ser esse, imperiosamente, o caminho a seguir, de modo a permitir que, com o risco de propagação do vírus controlado – e até que haja condições de imunização pessoal de elevada eficácia -, se retome a vida económica e social em razoáveis níveis de normalidade.

E é aqui, na produção de equipamentos de proteção individual, que o Setor Têxtil e Vestuário tem um papel fundamental. A produção de máscaras terá de ser massiva – de milhares de milhões de unidades para a Europa e EUA, e de algumas dezenas de milhões só para Portugal – e a necessidade de uma resposta rápida já se faz sentir desde o início desta pandemia. Não podemos conformar-nos que a China esteja a produzir e a vender mais de ¼ da totalidade das máscaras a nível mundial. O CITEVE está habilitado e a proceder à necessária certificação, de modo a que seja possível garantir adequados níveis de proteção contra o vírus com o uso de máscaras.

Como noutros tipos de produtos, haverá diferentes níveis de qualidade e diferentes modelos de máscaras. Máscaras descartáveis ao fim de uma utilização e máscaras laváveis e de repetidas utilizações. Para uso em diferentes atividades profissionais e para uso em atividades sociais. Com materiais mais ou menos sofisticados, e mais simples ou com design mais criativo. E as diferentes características determinarão, naturalmente, diferentes níveis de preços.

As empresas do STV nacional, que se caracterizam pela sua elevada versatilidade e capacidade de adaptação, estão, como sempre, prontas para responder rapidamente a este novo desafio, que tornará possível a retoma imprescindível e essencial da vida económica e social dentro de uma certa normalidade.

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