Quando juntamos a Academia com a Indústria…
T80 - Fevereiro 23

Alexandra Cruchinho

Professora na Universidade Lusófona
Q

uando juntamos a Academia com a indústria procuramos tentar perceber como é que esta aliança pode ser sustentada e duradoura. Entender quais são as necessidades da Indústria para direcionar essas preocupações à formação de novos perfis de diplomados, capazes de integrar o quadro de profissionais e especialistas que as empresas procuram, deve ser uma das principais preocupações das Instituições de Ensino Superior (IES).

Esta aliança, à qual são chamados diversos players da Moda, ao longo dos últimos dois anos, foi ganhando alguma consistência quando num único evento se debatem temas que interessam a todas as partes. Que competências são esperadas dos Designers de moda, recém-licenciados, para que a indústria, o meio profissional, os integre e reconheça a mais valia da sua colaboração? Esta e outras questões têm sido discutidas em diversos painéis de especialistas da ITV das duas edições do Simpósio do Ensino da moda e a ITV.

A primeira edição, realizou-se na Universidade Lusófona, na cidade do Porto, onde a maior representatividade da ITV se verifica e onde associações, empresas, e outras instituições se encontram. Esta edição desvendou um conjunto de informações tão pertinentes que despoletou a necessidade de uma 2ª edição. Não foi preciso avançar demasiado no painel da manhã para percebermos que este assunto teria muito mais do que um dia para ser debatido. Porém, a riqueza do evento, foi o facto de se juntarem a uma mesma mesa, tantos participantes, e tão distintos, do mundo da Moda. 

A 2ª edição realizou-se em Portimão, no ISMAT (Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes), seis meses após a discussão do 1º Simpósio e a Academia, entretanto, tentou colocar em prática algumas das ideias que se destacaram num primeiro debate. O 2º Simpósio veio validar, precisamente, a necessidade de se continuar a debater estes temas e já deixou em aberto a realização de uma 3ª edição.

O importante é destacar que tanto a academia como a indústria se revelam interessados em participar neste debate.

De facto, comparando com outros países da Europa, Portugal não regista uma grande proximidade entre estes dois importantes players da Moda. Procurar um ensino muito mais próximo da Indústria e que sirva mais e melhor as suas necessidades deve ser uma preocupação constante da academia. Só desta forma estamos a cumprir, de facto, o propósito da nossa existência.

Se verificarmos como atuam as IES de outros países europeus de referência, de imediato percebemos que esta importante aliança se integra nas estruturas organizacionais das instituições. A indústria lança, regularmente, temas e propostas de projetos reais a serem executados por estudantes. Desta forma, fica reforçada a relação entre a academia e a indústria ao mesmo tempo que se reforça a aposta numa formação sólida de profissionais aptos a integrar o mercado de trabalho. Esta formação consegue-se através da adoção de metodologias de ensino que, de facto, incluam a realização de projetos reais, proporcionando experiências reais junto dos potenciais empregadores que resultam, seguramente, na aquisição de competência que geram conhecimento sólido sobre o desempenho da profissão.

Não é só a Instituição e os estudantes que ganham com este processo, são os professores. O desafio lançado pela indústria, implica uma constante atualização e investigação aplicada por parte do corpo docente. Todos os intervenientes do processo educativo ganham com esta importante relação.

Esta é a maior preocupação que foca a Universidade Lusófona – Lisboa, através do grupo Fashion Lusófona para a realização deste importante Simpósio. Procura-se, desta forma, cumprir aquele que deve ser o principal objetivo da academia, dotar os estudantes de uma formação sólida que permita a sua integração imediata no mercado de trabalho.

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