José Armindo Ferraz
m dos grandes desafios de qualquer marca infantil hoje em dia é o inverno demográfico que afecta a maioria dos países desenvolvidos.
Menos nascimentos, cada vez menos natalidade. Nem sequer as taxas de reposição são alcançadas e o futuro mais próximo não permite acalentar a esperança que algo vá mudar neste domínio.
Por incrível que possa parecer, embora este seja um dos problemas estruturais e cruciais para a simples sustentabilidade e sobrevivência de muitos países, a verdade é que não se conhecem efetivas medidas de fundo destinadas a incentivar a natalidade, o que significa, por outras palavras, que se está a cometer um suicídio colectivo a prazo.
Não estaremos aqui, nenhum de nós, daqui a 100 anos para comprovar estes prognósticos pouco otimistas, mas quem nos puder ler então poderá dizer que, estranhamente, apesar de todos os avisos e advertências, se descurou o essencial e que, enquanto entidade colectiva, não garantimos a sucessão, precipitando-nos no desastre.
Foquemos, contudo, no nosso negócio. Não daqui a um século, mas, hoje mesmo, no próximo ano ou anos, já que dele dependemos para existir. Empresas de moda infantil e quem nelas trabalha.
Não podendo mudar o mundo, temos de compreender a mudança para melhor a aproveitar. E se é certo que, a prazo, mais ou menos curto, estaremos perante uma contração de mercado nas geografias mais tradicionais, há que olhar para ele e para lá dele, para agir adequadamente. Mudar não é um drama. É uma constante na vida que nos testa em permanência, mas que nos faz crescer e nos aprimora.
Nunca um mercado está esgotado, por mais maduro que nos pareça, pois há sempre segmentos disponíveis para serem perseguidos e conquistados, desde que se satisfaçam de acordo com o que nos pede, assim como, em mercados emergentes, apesar do risco inerente à sua imaturidade, estar tudo praticamente por realizar, onde só não vinga quem não tenta e em que o prémio à coragem é claramente maior do que a abstinência.
Uma coisa é sempre comum: o estudo preliminar, aturado e consciente, o trabalho preparatório para conhecer o mercado e o consumidor, e o investimento indispensável para ganhar quota, que além dos recursos financeiros, exige meios humanos capazes e dedicados e, sobretudo, tempo, que também é sinónimo de algo que normalmente falha nas empresas portuguesas que desejam internacionalizar-se em mercados diferentes: paciência e persistência.
Se formos capazes de juntar todos estes ingredientes a um bom produto, diferente e criativo, a que não pode falhar um serviço de excelência, focado no cliente como se tivesse de ser “servido como um rei”, então não há que ter medo do destino, mesmo que as tendências nos pareçam fechar a porta num lugar, pois estas também as vão abrir com grande certeza em outros.