O vortex da motivação para a criatividade
T62 - Março-Abril 2021

João Batista Barata

Professor no Departamento
de Ciência e Tecnologia
Têxteis da UBI
D

urante o meu doutoramento, dediquei-me a estudar como é que a criatividade dos designers de moda que trabalham nas empresas poderia ser influenciada, inibida, e/ou potenciada por vários contextos laborais. Há muitos resultados, mas um dos mais importantes é que não é possível um designer ser criativo se não estiver motivado.

A estatística comprova, quando os contextos macro, como por exemplo o clima e a cultura dentro das empresas, têm níveis elevados na percepção dos trabalhadores, os elementos individuais, como a autogestão de criatividade e os níveis de motivação, também estão altos.

Desde que a criatividade se tornou uma bandeira imprescindível nas empresas do Sector Têxtil e do Vestuário, que se pede aos designers de moda que sejam criativos, que essa é uma característica tão importante quanto as outras competências técnicas ou tecnológicas.

Dentro do local de trabalho, não basta pedir que alguém seja criativo, há que se lhe dar apoio e alimentar o vórtex da motivação, interligada a muitas outras variáveis tendo em conta a resposta criativa.

Apostar na motivação para a criatividade é uma forma de aumentar os níveis de criatividade, melhorar o clima da empresa, as atitudes/cultura e o sentimento de crescimento e evolução constantes dos designers de moda, apelidada de autogestão.

A componente de campo da investigação resultou na demonstração clara, robusta e estatística da conectividade entre os climas e as culturas empresariais, a autogestão da criatividade e os níveis de motivação para a resposta criativa.

Além de muito forte, as correlações entre as três variáveis acima são positivas, que em termos estatísticos indica que estes factores se puxam e empurram na mesma direcção. Se um fator macro, é positivo, um micro e individual também será. Percebeu-se que, nas empresas do sector, quando clima empresarial é bom, os níveis de motivação dos designers são altos.

A existência de designers com elevados índices de motivação também contribui para uma atmosfera propensa à criatividade e à existência de atitudes positivas no relacionamento interpessoal na empresa (cultura organizacional).

Também se perguntou, de várias formas, se os designers se sentiam criativos, se se auto percepcionavam a evoluir constantemente na sua profissão (autogestão) e o resultado parece, novamente, estar a alimentar o vórtex da motivação. Esta correlação é muito forte, e os níveis de autogestão da criatividade são positivamente influenciados pela existência de muita e farta motivação para a tarefa criativa.

O estudo que realizei inclui uma tabela onde constam quatro pilares importantes na formação e transformação das variáveis suprarreferidas. Como há uma correlação direta, aumentar os níveis de qualquer pilar será responsável pelo aumento dos níveis dos pilares a ele associados.

Para apostar na criatividade dos designers de moda do STV há que começar em algum lado, proponho que se invista no aumento dos níveis de motivação para a criatividade, um guloso vórtex. Há muito a fazer, é certo, mas aqui os resultados serão diretos e rapidamente visíveis.

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