Alexandra Cruchinho
implementação do Processo de Bolonha, concluído em 2010, colocou as Instituições de Ensino Superior (IES) perante novos desafios referentes a novas mentalidades para o ensino. A natureza do processo de ensino-aprendizagem muda de sentido e no centro passa a estar o estudante ao invés do professor.
O processo de Bolonha formaliza ainda a necessidade de se estreitarem laços com a Indústria, potenciais empregadores, aproximando as IES ao meio empresarial e industrial.
Se até então algumas IES podiam não auscultar o meio empresarial e industrial sobre o seu processo de ensino e sobre as necessidades que os empregadores têm, ao nível de perfis profissionais e de domínio de competências, a partir de 2010, essa relação passa a ser óbvia.
Bolonha impõe precisamente que, para a criação dos novos cursos e a reformulação dos já existentes sejam tidas em conta essas premissas. A realização de protocolos entre as IES e o meio empresarial e industrial, acentua-se de forma muito significativa. Da indústria espera-se que se abram portas aos futuros diplomados pela realização de estágios curriculares ou profissionais e que seja facilitada a realização de visitas de estudo entre outras atividades que aproximem os estudantes do meio profissional onde irão inserir-se.
Porém, apesar de se verificar a existência destas parcerias e de se perceber que algumas têm vindo a dar frutos na realização de parcerias sólidas, decorrida mais de uma década não estão reunidas efetivamente as ligações que seriam expectáveis entre as IES e o meio empresarial, pois continua a lacuna de que a auscultação do meio empresarial e industrial efetivamente se reflita nos planos de estudo, nas metodologias de ensino e nas atividades desenvolvidas no seio das IES.
A Indústria Têxtil Portuguesa demostra grande capacidade de se adaptar às novas realidades, quer no que respeita ao tema da Sustentabilidade quer no que às Novas Tecnologias se reporta, porém, esta ainda não é uma realidade generalizada pois implica grandes investimentos quer na formação de trabalhadores, quer na aquisição de equipamentos que permitam acompanhar a evolução das tecnologias e dos meios digitais.
O grande desafio para as IES passa por procurar perceber como é que os planos de estudos, os conteúdos abordados ao longo da formação, proporcionada aos estudantes, se revela atual e dá resposta a esta nova realidade. Os futuros diplomados, além de competências técnicas e processuais na área da Moda, têm de reunir outras competências muito ligadas a processos de comunicação digitais, a comunicação de marca, ao domínio de tecnologias que permitam aumentar a capacidade da ITV se munir de meios para comunicar digitalmente os seus produtos no mercado internacional.
Importa, consolidar esta relação e, para que a formação ministrada nas nossas IES na área da Moda seja realmente determinante e diferenciadora para potenciar maior empregabilidade pela ITV, colaborando também no seu crescimento e internacionalização.
Assim, urge sentar todos os intervenientes neste processo de formação de novos profissionais para o atual mercado, altamente competitivo, sendo Industrias, empresários, IES, ex estudantes, stakeholders, da fileira da moda para realmente auscultar sobre quais as necessidades reais dos empregadores por competências que definem os perfis profissionais que se estão a formar nas IES portuguesas.