Nem todos querem ser engenheiros
T57 - Outubro 20

Manuel Pinheiro

Membro da Direção da ATP
A

s pessoas são o ativo mais importante para qualquer empresa. A qualificação e formação dos recursos humanos é um fator fundamental das organizações.
Estamos, no entanto, a falar de pessoas e como tal este ativo deve ser gerido de forma distinta de todos os restantes ativos.

Todos nós temos projetos de vida. A forma como equilibramos o trabalho, a família, o descanso, os hobbies e os nossos objetivos diferem de pessoa para pessoa.

Parece certo que determinados indivíduos têm uma maior disponibilidade para dedicar uma maior parte das suas vidas à sua carreira profissional. Estão assim dispostos a gastar mais tempo em todos os aspetos desse envolvimento, nomeadamente trabalhar mais horas, continuar a trabalhar mesmo fora do horário de trabalho atendendo o telemóvel, trabalhar no portátil em casa, participar em ações de formação para melhorar o desempenho profissional, etc.

No atual contexto de pandemia em que muitos ficaram em teletrabalho é frequente ouvir os lamentos de que se acaba por estar mais tempo disponível para o trabalho nestas circunstâncias.

Também existem pessoas que apenas estão dispostas a dedicar ao trabalho o tempo indispensável para lhes proporcionar um rendimento capaz de suportar o nível de vida que entendem adequado. As motivações podem ser diversas nomeadamente dedicar mais tempo a acompanhar os filhos, dedicar tempo ao desporto, artesanato, artes amadoras, hobbies ou outras atividades menos rentáveis como a agricultura.

Não nos compete julgar as motivações de cada individuo. Compete-nos talvez criar condições para que cada um tenha um lugar digno nesta sociedade e se sinta integrado na mesma.

Nem todos queremos ser engenheiros mas todos deveremos ter direito a um emprego que nos garanta um nível de vida digno.Todos os trabalhadores são fundamentais no sucesso de uma organização, desde os mais qualificados aos menos qualificados.

No entanto, o setor precisa de atrair jovens profissionais e de responder a desafios cada vez mais exigentes, sendo essencial que sejam criados empregos mais qualificados e em diferentes áreas para além da produtiva, sendo a formação, nomeadamente a profissional, muito importante para promover as diferentes competências dos trabalhadores e a competitividade das empresas.

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