João Costa
ela avaliação que é possível efetuar, a redução da atividade económica na generalidade dos países, e especialmente nos principais destinatários das exportações do Setor Têxtil e Vestuário (STV) nacional – Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, EUA, Itália e Holanda -, vai prolongar-se pelo menos até ao próximo ano de 2021.
O nível de quebra das exportações em 2020, por comparação com o período homólogo do ano anterior, poderá andar próximo da redução média de 17,4% observada no primeiro semestre, dado que, depois da quebra máxima de 42% verificada em abril, tem vindo a evidenciar-se alguma recuperação (em maio -30% e em junho -14,3%). Porém, pelos indicadores avançados de que é possível ir tomando conhecimento não se vislumbra uma recuperação expressiva e consistente até ao final do ano.
E, se se prolongarem ou acentuarem as situações de condicionamento ainda existentes, que a realidade epidémica mantenha inevitáveis – a que se associa a incerteza e falta de confiança -, os primeiros meses de 2021 deverão igualmente continuar num nível de atividade e de consumo abaixo dos padrões de normalidade.
Perante este cenário adverso, há que adotar medidas de apoio continuado, de âmbito nacional e europeu, ajustadas à realidade agora conhecida e suscetível de um certo controlo, de modo a manter vivas as empresas, a sua capacidade produtiva e o emprego.
Se os apoios do Estado têm custos e reflexos negativos nas contas públicas, a ausência dos apoios indispensáveis à preservação das empresas e do emprego redundará em resultados muito mais negativos e prolongados nas contas públicas e terá custos económicos e sociais de muito maior dimensão.
As situações de crise económica e de recessão vividas no passado, de que a mais recente, iniciada em 2008, é um flagrante exemplo, tornaram evidente que o STV é dos mais dinâmicos e mais aptos na recuperação da economia. O seu forte contributo pela via das exportações, do investimento e do emprego, com um crescimento consistente e sustentado ao longo de 10 anos – de 2010 a 2019 -, representou um impulso decisivo na recuperação da economia e das contas externas (balança comercial) do país.
A fase que atravessamos, com os condicionamentos resultantes da pandemia e os naturais receios de contágio, torna mais evidentes a necessidade, a utilidade e a vantagem de fornecimentos de proximidade e de mais fácil controlo, e, também por isso, potenciará um crescimento mais rápido na situação de retoma.
Considerando que se trata de um Setor que representa cerca de 10% das exportações de bens nacionais, de múltiplos produtos de uma longa fileira – muitos deles tecnicamente complexos ou de elevada criatividade e inovação -, dirigidos para uso pessoal, para o lar, para a saúde, para a proteção individual, para a indústria automóvel e aeronáutica, e para muitas outras utilizações técnicas e decorativas, e destinados a todos os continentes, e porque emprega diretamente cerca de 130 mil pessoas, e encerra em si uma enorme vitalidade e resiliência, é essencial que mantenha a sua capacidade produtiva e o seu vigor, porque, agora como no passado, é fundamental para a recuperação da economia, a manutenção do emprego e o equilíbrio das contas externas do país.