Líderes de inovação
T55 - Julho/Agosto 2020

João Gomes

Chief Operations Officer do CeNTI
A

recente publicação do European Innovation Scoreboard (EIS) coloca Portugal na primeira vez no pelotão da frente da União (agora) dos 27, sendo classificado como “fortemente inovador”.

É com alguma curiosidade que verificamos que partilhamos o segundo grupo, dos fortemente inovadores, com estados-membro que tradicionalmente nos habituamos a considerar como exemplos a seguir em políticas e ecossistemas de inovação, como são os casos da Alemanha, França, Bélgica ou Áustria. Ainda mais curioso é verificar que países para os quais nos habituamos a observar na nossa humildade como exemplos de dinamismo no desenvolvimento de novas tecnologias e inovação como são os casos da Itália, Espanha ou República Checa. No entanto, também é verdade que não nos encontramos no pelotão da frente como “innovation leader”, conjuntamente com os “frugais” escandinavos e neerlandeses. A evolução no EIS desde 2006 do nosso ecossistema nacional de inovação tem sido consistente, paulatina e sustentada.

Esta sustentabilidade resulta de expansão significativa das áreas científicas e tecnológicas, da ubiquidade da informação e facilidade de acesso aos sistemas de apoio e incentivo/financiamento a atividades de inovação por parte das empresas, a integração de quadros especializados nas industrias, e sobretudo o desenvolvimento de uma verdadeira cultura de inovação entre universidades, centros de tecnologia  e empresas, demonstra inequivocamente que o caminho para o fortalecimento económico passará obrigatoriamente pela aposta contínua na diferenciação pela inovação. Todos estes fatores são, na prática, os 27 indicadores que nos colocam no grupo fortemente inovador.

Curiosamente, reconhecemos também de forma clara as nossas fraquezas. Fraca disponibilidade de investimento privado, dificuldades de acesso a capital de risco, registo de propriedade intelectual insuficiente e fraca capacidade de exportação de serviços de conhecimento.

Naturalmente, como um dos sectores industriais de maior relevo nacional, a ITV é claramente um dos principais motores da inovação científica, tecnológica e industrial, e será certamente um sector que terá de assumir os principais méritos por este resultado em 2020, mas sobretudo pela evolução sustentada desde 2006. De forma objectiva, a inovação na ITV também se revê na plenitude tanto nos prontos fortes, como nas fraquezas sublinhadas pelo relatório EIS 2020. Com uma importante ressalva.

Portugal detém um dos clusters industriais têxteis de mais relevo do espaço da união a 27, apresentando uma dimensão que incorpora todos os elementos-chave para a criação e dinamização de um ecossistema de inovação, potenciando também capacidades para atenuar ou responder às fraquezas já enunciadas. Alias, verificamos que especificamente ao nível da ITV, o que nos indicam os nossos parceiros internacionais outros clusters do espaço da EU27, é que não somos apenas fortemente inovadores: a nível europeu, Portugal é um dos líderes de inovação.

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