Guimarães: centro da região têxtil
T19 Abril 2017

Domingos Bragança

Presidente da Câmara Municipal de Guimarães
A

indústria têxtil em Guimarães é secular. As primeiras fábricas surgem no século XIX e início do século XX. Quem podia vinha a Guimarães comprar linho em casas comerciais com nome em todo o país. A primeira metade do século XX foi marcada na política local pela discussão se as receitas municipais deviam incidir sobre a indústria em grande crescimento e com elevadas mais-valias ou sobre a propriedade rural.

Na segunda metade desse século, o emprego na têxtil passa a ter uma grande componente feminina. O acordo comercial com a EFTA, antes da entrada na comunidade europeia, abriu as portas da Europa, alargando um mercado anteriormente destinado às colónias de África e ao mercado interno.

Nos anos 70, em Guimarães, as preocupações centravam-se na monopolização da produção industrial, muito assente na têxtil, embora já com uma importante componente do calçado e das cutelarias, começando a defender-se a necessidade da diversificação industrial e a instalação do terciário.

Guimarães já era conhecido no país como um concelho industrial, rico, com a sua principal marca identitária sustentada nas grandes empresas têxteis. Hoje, em Guimarães, a maioria da população trabalhadora mantém-se na indústria e a têxtil continua a ser maioritária, com realce ainda para o calçado e as cutelarias.

Se, em Portugal, passamos diretamente de uma sociedade com uma população agrícola maioritária para uma população de serviços, hoje em maioria, em Guimarães desde meados do século XX que a maioria do trabalho continua a ser na indústria.

A têxtil resistiu incorporando ciência, tecnologia, inovação, moda, criando os têxteis técnicos como componente inovadora, aumentando o valor das vendas, com as empresas a evoluírem para PME’s com forte integração tecnológica.

Os têxteis-lar continuam a ser o subsetor predominante nas empresas concelhias, hoje, quase totalmente presentes no mercado exportador. O conjunto da indústria local exportou em 2016 cerca de 1,5 mil milhões de euros, cerca de 70% de produtos têxteis. O emprego está também em franca recuperação, como a queda de 19% do desemprego em 2016 bem demonstra.

Quando assumi a presidência da Câmara Municipal em 2013, tinha como uma das primeiras prioridades a economia do concelho. Sabia das escassas competências e tradição dos municípios nessa área. Mas sabia também que me competia trabalhar para o bem-estar dos meus concidadãos. Sem emprego, criação de riqueza, não há qualidade de vida, felicidade e orgulho de comunidade.

Foi criada a Divisão de Desenvolvimento Económico, foi aprovado um regulamento de incentivos ao investimento, foi criada a Guimarães Marca, há uma ligação próxima aos empresários com a criação do Conselho Consultivo para o Investimento e Emprego, bem como à Universidade, consubstanciada no princípio da importância da ligação da investigação e do conhecimento académico ao produto, às empresas, assente na procura do crescimento e de maior produtividade.

Hoje, a universidade aumentou a formação em engenheiros têxteis, como as empresas solicitam. A instalação do polo do IPCA no AvePark, com a oferta de Cursos Técnicos Superiores Profissionais, também contribui para uma maior qualificação do emprego e maior qualidade do produto.

Guimarães tem hoje, neste primeiro quartel do século XXI, novos projetos e novas bandeiras, para além da capital têxtil que continua a ser. Na última Heimtêxtil, em Frankfurt, 50 empresas têxteis vimaranenses foram seu testemunho.

Somos Património Cultural da Humanidade. Fomos Capital Europeia da Cultura em 2012 e Cidade Europeia do Desporto em 2013. Procuramos ser exemplo de sustentabilidade ambiental e preparamos a candidatura a Capital Verde Europeia 2020. As marcas identitárias de Guimarães, o berço da nacionalidade, o berço da reabilitação urbana como reconheceu numa visita recente o ministro do Planeamento e Infraestruturas, são orgulhos da nossa comunidade.

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