E se escrevêssemos umas coisas sobre sustentabilidade?
T36 Outubro 18

Braz Costa

Director-geral do CITEVE
J

á não haverá cético que considere que a entrada da ‘sustentabilidade’ para o dia a dia dos negócios têxtil-vestuário-moda seja uma moda passageira. A questão que se coloca hoje à ITV portuguesa é: como trabalhar o conceito, e as inerentes opções e práticas.

Nas últimas semanas fizemos um trabalho de atualização sobre as estratégias (publicadas) de atores muito relevantes do negócio da moda ao nível global.

Desde marcas de luxo, das mais conhecidas e influentes, que criaram grupos executivos ao mais alto nível dedicados à identificação de boas práticas de sustentabilidade, a gigantes do Fast Fashion que se juntaram a Stella McCartney na iniciativa ‘Make Fashion Circular’, adotando os seus princípios e compromissos.

E o que verificámos é que existem traços comuns. Por um lado, a proatividade a fazer saber das suas estratégias para a sustentabilidade, numa atitude de (re)valorização das respetivas marcas, colocando as suas griffes de sustentabilidade ao nível das suas griffes de design e exclusividade (veja-se por exemplo http://equilibrium.gucci.com).

Por outro, a abordagem omni, não apenas focada na sustentabilidade de matérias primas e processos de produção/distribuição/abate dos seus produtos ou na rastreabilidade integral, mas igualmente em questões aparentemente colaterais como as condições de vida e desenvolvimento dos trabalhadores envolvidos ou mesmo a plantação de árvores (exemplo: participação em plataformas como www.treedom.net )

No entanto, todas se tentam diferenciar nesta matéria numa autêntica disputa de criatividades através de iniciativas mediáticas, publicitárias mesmo. Verifica-se de novo a máxima que diz que não basta sê-lo. A sustentabilidade passou definitivamente para o domínio dos argumentos de venda e diferenciação positiva.

Ainda assim o que me chama à atenção é a tendência de formalização e publicação (que resulta em compromissos) das estratégias para a sustentabilidade das marcas. Significa que pensaram no assunto, que traçaram caminhos a seguir nesta matéria, no mínimo para a próxima década.

E veio-me à cabeça que não seria má ideia que cada empresa da ITV portuguesa escrevesse, pelo menos para si, num papel, pequeno ou grande, o que se vê a fazer nesta área nos próximos anos.

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