Brasil, too hot… too cool
T1 Setembro 2015

Hélder Rosendo

Subdiretor-geral do CITEVE
N

os últimos tempos e em particular nos últimos meses com os mais recentes desenvolvimentos da operação Lava Jato, tem-se assistido a um subir da contestação ao governo de Dilma Russef e ao legado do Partido Trabalhista (PT). Os sucessivos escândalos envolvendo vários membros do PT, fazem escalar uma crise política que convive com uma crise económica cujos indicadores já são comparados por alguma imprensa internacional aos das piores crises dos anos 90. A General Motors tem várias fábricas em lay off, o grupo de linhas aéreas Latam está a cortar voos e a própria Embraer, de acordo com um artigo da Bloomberg, tem tido atrasos consideráveis no lançamento do seu novo modelo, o maior da companhia. Basta uma passagem por São Paulo para ver a proliferação dos cartazes de vende-se e aluga-se em inúmeros pequenos negócios locais e falar com meia dúzia de empresários nas mais recentes feiras do têxtil e vestuário, para constatar que se respira um clima de grande instabilidade económica, política e social, cujo desenlace está longe de ser previsível. Em véspera de Jogos olímpicos a realizar na Cidade Maravilhosa em 2016 e pouco tempo depois da realização do Campeonato do Mundo de Futebol em 2014, era este o desempenho que se imaginava para a economia deste monstro da América Latina? Não! Nos últimos anos a economia Brasileira cresceu em média 2.2% ao ano, uma taxa inferior à da maioria do seus vizinhos. No último ano o PIB permaneceu praticamente estagnado e de acordo com dados do Banco do Brasil, publicados num artigo recente do Economist, no primeiro trimestre de 2015, este indicador contraiu em 1,6% por comparação ao período homólogo do ano passado. Não admira que com este cenário económico e político, em termos sociais a situação esteja quente…demasiado quente…E a indústria têxtil Brasileira? Com vive neste contexto de crise? De acordo com números apresentados recentemente pelo Diretor Executivo do Programa Texbrasil, este setor que representa quase 5% da faturação da indústria transformadora e que é o segundo maior empregador daquela indústria (1,75 milhão de empregos diretos) continua com uma balança comercial deficitária, com o valor das importações a representar cerca de 4 vezes o valor das exportações…e com a produção industrial a não crescer. No caso da indústria Portuguesa as relações com o Brasil, continuam frias ….Visto que subsistem os relatos das dificuldades de penetração naquele mercado com grande potencial, de resto são confirmadas pelos últimos dados, que colocam Portugal na 21º posição no ranking de fornecedores do mercado Brasileiro…still too cool

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