A têxtil 4.0 está aí a chegar
T9 maio 2016

José Morgado

Diretor do Departamento de Engenharia e Tecnologia do CITEVE
J

á ouviu falar em Indústria 4.0, IoT – Internet of Things, M2M – Machine to Machine ou em Big Data? Sabe do que se trata? O melhor é fazer uma pesquisa rápida porque corre o risco de ficar fora de temas que vão marcar a agenda dos próximos tempos.

Estes conceitos começaram a ser estudados pelos investigadores há já uma década e desde 2011 que vimos os políticos e os opinion makers a utilizá-los massivamente. Seguindo a lógica, o próximo passo será a sua implementação industrial e, neste contexto, estará a indústria têxtil preparada?

A história diz-nos que a indústria têxtil, apesar de ser frequentemente apelidada de tradicional, é sem dúvida uma indústria inovadora e uma das que mais facilmente absorve os novos conceitos de produção.

Foi assim na primeira Revolução Industrial, iniciada na Europa no século 18 com a invenção da máquina a vapor, e que proporcionou a industrialização da têxtil.

Foi assim também na segunda revolução industrial, no início do século 20, em que os novos conceitos de linha de montagem, lançados por Henry Ford para a indústria automóvel, rapidamente foram adotados com sucesso na indústria têxtil proporcionando o aumento exponencial da produtividade e da produção em massa.

Foi assim ainda na denominada terceira revolução industrial, nos anos 70, quando se assistiu à automação das nossas fábricas através da instalação de computadores, controladores eletrónicos, sensores e outros dispositivos em ambiente industrial (no denominado chão-de-fábrica) e que permitiram a sofisticação dos sistemas de planeamento, controlo e gestão da produção, com repercussões muito positivas ao nível da qualidade dos produtos, repetibilidade dos processos, aumento da produção, diminuição dos custos e dos prazos de entrega.

Como será na quarta revolução industrial?

Desde 2011 que se assiste à denominada quarta revolução industrial, a que vulgarmente se atribui a designação de indústria 4.0. A democratização e a consolidação da internet como o principal veículo de comunicação interpessoal possibilita que a sua utilização massificada na indústria e no meio produtivo seja uma realidade possível. É neste contexto que obrigatoriamente vai ouvir falar da Internet das Coisas e do uso do Protocolo IPV6, do Wireless, da Cloud, do Big Data, de RFID, da simulação e virtualização de processos e produtos, etc.

Os principais princípios da Indústria 4.0 e que proporcionarão o aparecimento das denominadas “fábricas inteligentes” são:

  • capacidade de intercâmbio operacional (Internet das Coisas);
  • implementação de modelos virtuais e de simulação dos processos fabris;
  • decisão em tempo real de forma inteligente e autónoma (por exemplo, correção automática da cor durante o processo de tingimento);
  • implementação de novos modelos de produção que permitam a máxima flexibilidade das fábricas e a sua fácil adaptação ao processamento de diferentes produtos.

De facto, muitos serão os desafios, mas estou confiante que a têxtil, como sempre, estará preparada e na linha da frente da adoção dos princípios da Indústria 4.0.

Partilhar