Braz Costa
reino da Dinamarca está a promover a cidade de Copenhaga como o centro do mundo para a sustentabilidade nas indústrias da moda, entre outras iniciativas com a organização do “Copenhagen Fashion Summit”.
Presente nos dois dias da cimeira e fazendo um discurso brilhante, a Princesa mostrou aos participantes que a sua presença não foi mera obrigação inerente à nobreza, outrossim uma afirmação do reino num dos maiores desígnios da União Europeia, a economia circular, numa abordagem vaporosa e enleante como só a moda pode conferir.
Estava lá “toda a gente”. Desde Stella McCartney e Ellen McArthur às marcas que dominam a distribuição de moda a nível global, desde o luxo à qualidade sofrível.
Mas, vamos ao conteúdo. Fiquei a saber que não há marca que se preze que não ostente o seu CSO. CSO? Sim, claro… o seu Chef Sustainability Officer, portador de mensagens maravilhosas sobre um mundo perfeito que eles próprios assumiram a responsabilidade de (fazer) construir: Giro; Amigo dos animais; Ambientalmente sustentável; Socialmente justo.
E mais um CSO determinado a pugnar pelos ordenados justos em todos os cantos do mundo, e outro CSO a limpar o planeta, e mais outro decidido a garantir que todos os trabalhadores das indústrias da moda tenham ar condicionado nos seus postos de trabalho, e ainda outro disposto a dar o sangue para que não haja nenhum vestígio animal em peças de vestuário, seguido de mais um que diz já ter a solução para que nenhuma peça de vestuário vá para o lixo no final da sua vida.
Sentado no fantástico Copenhagen Concert Hall, com os olhos no monumental e estilizado órgão de tubos cravado sobre o palco e o coro e a imaginar-me envolto em música, quase me embebedei da ideia de um mundo harmonioso, ritmado e afinado, puxado pelas fileiras da moda.
Acordei entretanto a pensar que aquela cimeira deveria ter sido organizada à laia de ‘prós-e-contras’ com CSOs de um lado e os respetivos ‘buyers’ do outro, para ver se a gente se entendia.
É a vida, fashion é imagem!!!!
Conclusão: No final de dois dias de cimeira já me chegava da opção da organização por comida “saudável, sustentável e reciclada”. Paciência.
No entanto o que me lá levou foi juntar informação importante ao meu entendimento sobre o que será a realidade do negócio da moda depois de amanhã.
Chegou-me para compreender que nenhuma empresa portuguesa pode deixar de incluir no seu portfólio produtos (um que seja) sobre os quais tenha bem afinado um discurso comercial que a posicione como fervorosa construtora de um futuro em sustentabilidade.