A mudança é o motor e a única certeza
T7 Março 2016

Carlos Trocado Ferreira

CEO Coach Troubled Factor
A

s empresas enfrentam problemas internos e externos cada vez mais complexos.
A globalização trouxe desafios e problemas que as estruturas internas das PME não têm condições de, per si, os resolverem.

A natureza da ambição empresarial e a dicotomia da relação oferta e procura, ou qual destas duas promove primeiro a outra, levam muitas empresas de menor dimensão, ou com reduzida massa crítica, a atropelarem os seus propósitos estratégicos e a confundirem atitudes correctivas com atitudes estratégicas.

A dimensão estratégica ou visionária nestas empresas ainda assenta muito na configuração da função do produto ou no seu processo interno. A criação de valor e a sua partilha, ou se quisermos, a proposta de valor com que se apresentam no mercado, tende para a diminuição progressiva.  O processo de inovação (no pensamento, no processo, no produto, no serviço, na distribuição, nos diversos canais…) requer uma organização a pensar mudança.

A mudança é o motor. A mudança é a única certeza.

E como as organizações são pessoas [e cérebros (?)…] e estas tendem para a acomodação, para a lei do menor esforço e para a zona de conforto, uma ideia nova é, pois, muitas vezes considerada uma ameaça às ideias, produtos e serviços anteriores.

Estendendo esta analogia de resistência a todas as dimensões da empresa, do produto até ao processo, ao sistema de Governance, aos canais, ao Marketing e, sobretudo, à Gestão de Topo, temos que uma empresa que não se adapta, que não muda todos os dias um bocadinho, que não se questiona, não apresenta pequenos saltos de forma regular, não tem a paixão pelo erro e não se foca no risco da novidade, tenderá a ter um futuro alicerçado em soluções erráticas que mais não são do que respostas tipo tentativa-erro perdendo-se na noção errada de que está a mudar, quando sem a noção de desvio, apenas está a apalpar terreno.

A gestão da mudança não é apenas iniciar um processo para mudar.

Mudar é estabelecer um plano e métricas para a avaliação futura dos desvios, pois só isso é que permite acções correctivas em ordem a um objectivo (necessariamente estratégico). Muitas empresas tendem a confundir estes conceitos, pois recentemente correm “teorias” de que “o mundo muda tão depressa que não vale a pena ter uma estratégia”. Aqui a confusão entre Planeamento e Estratégia. Nada de mais errado!

A empresa tem de saber para onde vai, para onde quer ir. E deve concitar todos os esforços, experiência, gestão e informação disponível para iniciar um processo de mudança e adaptar os recursos, humanos, técnicos, logísticos e financeiros a esse objectivo. Os produtos ou serviços são meros instrumentos, ou se quisermos, palavras do dicionário e da gramática que pretendemos implantar.

Tal como uma palavra não é a língua, um produto por si só não comunica nada. É preciso mais do que isso para construir uma relação de marca, de serviço ou função com o cliente (ou consumidor, se for esse o caso).

Um produto (ou serviço) deve resultar de um sistema – uma ordem sistémica – capaz de se reproduzir e de se reinventar de forma ordenada e consistente facilmente identificável pelo mercado. Para isso, exige-se que a empresa construa uma identidade corporativa, baseada nas suas competências e capacidades e que seja suficientemente dispersa pela organização como uma bandeira, hino ou atitude.

O recurso a consultores externos quer na redefinição estratégica quer na transferência de Gestão entre gerações é uma solução para as PME com ambição e garra para vencer.

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