A Moda e as Tecnologias Digitais na Indústria
T73 - Junho 2022

Benilde Reis

Professora Auxiliar na Universidade Lusófona
O

Covid-19 veio dar um boost na velocidade e evolução das tecnologias digitais na indústria e na forma como experienciamos a moda, acelerou e reinventou todos os processos na Indústria do Têxtil e do Vestuário (ITV), de forma a estes adaptarem-se às tecnologias digitais e à Indústria 4.0. 

É neste contexto que a ITV se reinventa. O futuro da moda passa pela digitalização do processo de produção e comunicação de vestuário. Desde desfiles realizados virtualmente ou em 3D, corpos digitalizados por scanners, provadores de vestuário virtuais, peças de vestuário confecionadas em impressão 3D, as propriedades e caimento de tecidos já podem ser tratados digitalmente, já é possível desenvolver modelagem e testar as peças de vestuário em avatar vendo um resultado quase imediato, o que começa a ser uma realidade na ITV nacional.  

A oportunidade que as marcas atuais e as novas marcas digitais têm, de através da renderização em 3D de vestuário, poderem proporcionar provadores virtuais, filtros no Instagram, ou outras redes sociais, é uma forma das marcas entrarem num contacto mais profundo com os consumidores. 

Auroboros é a primeira casa de moda a fundir ciência e tecnologia com costura, bem como pronto-a-vestir apenas digital. A equipa criou uma premissa para o futuro, que representa inovação, sustentabilidade e design imersivo, dando uma dimensão mais profunda, redefinindo a forma como imaginamos, desenhamos e afetamos o consumo de vestuário. 

A educação e o ensino devem acompanhar esta evolução da indústria, inserindo unidades curriculares e atividades extracurriculares, de forma a que os estudantes de moda tenham uma melhor perceção sobre as novidades, acerca das tecnologias digitais na Indústria do Têxtil e do Vestuário. As instituições de ensino devem investir e suportar o acesso às próprias tecnologias, sejam elas em hardware ou software. 

Não esquecendo ainda a importância das tecnologias digitais na indústria da moda, na forma como podem ajudar esta na sustentabilidade ambiental e social. Havendo simultaneamente uma consolidação das tecnologias digitais, as marcas estarão mais próximas do consumidor final e até tornar todo o processo das indústrias mais transparente. 

Contudo, para tudo existem limites, e um dos limites para as tecnologias digitais será o toque e o contacto físico não só com o tecido, mas também com a peça de vestuário em si. Algo que a realidade virtual imersiva já pode estar a explorar, para ajudar as empresas e as marcas chegarem ao consumidor de forma mais eficaz. 

É importante que as discussões à volta de um futuro digital, apesar de parecer utópico, continuem. A indústria da moda e a ITV pode juntar-se à próxima onda de inovação tecnológica que está a transformar a economia, a cultura e a sociedade, levando-nos a mundos virtuais e mais além.

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