A moda e a quarta revolução industrial
T48 - Novembro 19

Ana Roncha

Diretora do mestrado
em Strategic Fashion Marketing
no London College of Fashion
U

m dos grandes drivers da mudança a nível da indústria da moda é a crescente inovação tecnológica. O impacto da 4ª Revolução Industrial é inegável. Através da automatização de sistemas e tecnologias conseguimos criar networks inteligentes possíveis de controlar toda a cadeia de valor.

O ritmo crescente das inovações tecnológicas e a adoção de ferramentas disruptivas têm vindo a alterar a dinâmica da indústria moda.

É necessário, no entanto encarar a tecnologia de um ponto de vista holístico, englobando a inteligência artificial, robótica, machine learning, NFC, RFID, AR, VR, projection mapping, 3D printing, etc. e perceber as mudanças que estas tecnologias trazem e o que permitem atingir.

A tecnologia abre inúmeras potencialidades para personalizar a experiencia de compra, facilita a interação com as assistentes de loja e acelera a capacidade de oferecer uma comunicação e serviço mais personalizado. Integrar redes sociais, gestão de stocks, desenvolvimento de produto, gestão de tendências e/ou gestão de relacionamento do consumidor são consequências, mas acima de tudo oportunidades.

Adotar uma cultura de digital first e acima de tudo, mobile first. Conseguir fundir com o online com o offline e ter a consciencialização que o consumidor não interage com canais, mas sim com marcas.

E daí a estratégia digital das marcas encarada como algo holístico, que abrace a organização como um todo e que coloque o consumidor em primeiro plano.

A tecnologia deve ser usada tendo por base facilitar e agilizar as opções do consumidor e ajudar a prever comportamentos. Ter uma correta perceção da “consumer journey” e dos vários touchpoints ajuda a gerir e entender a relevância da marca em cada um deles e a criar formas de interação que facilitem a integração dos variados canais, numa estrutura omnicanal.

As grandes áreas de oportunidade a que assistimos estão nas formas de pagamento o mais conveniente possível, com recurso ao reconhecimento facial, biométrica ou self-service checkouts. No uso de tecnologias como blockchain para facilitar o fluxo de informação e a transparência entre as variadas atividades da cadeira de valor, com ligação direta às questões da sustentabilidade em cima referidas e o recurso a assistentes de voz e chatbots para uma maior personalização da oferta. Prevê-se que em 2020 cerca de 85% das interações com marcas sejam geridas sem a presença humana.

Neste contexto, modelos de negócio que fazem uso bem-sucedido dos desenvolvimentos tecnológicos focam-se na agilidade e inovação, na tecnologia como forma de adicionar valor, juntam o físico ao digital de forma integrada e criam ecossistemas que levam a criação de novas capacidades e funções.

Este mercado global em permanente mudança exige uma cultura de constante atualização e a perceção de que existe um novo mindset instalado – nos consumidores e na forma de fazer negocio, independentemente do segmento e da categoria de mercado. Nesta realidade, marcas fortes são as capazes de oferecer benefícios que vão alem dos atributos funcionais, mas que tocam o lado emocional e criam uma relação com o consumidor, num fundir das potencialidades digitais com a ainda inimitável empatia humana.

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