Luís Todo Bom
processo de sucessão num grupo familiar é sempre um processo complexo, por força das caraterísticas destas entidades em que coexistem dois sistemas – família e empresa, interligados, com os quais o sucessor tem de interagir.
As questões essenciais que se colocam na sucessão podem ser agrupadas do seguinte modo:
– A sucessão não é um ponto no tempo, mas sim um processo longo.
– Na maioria das situações a geração no poder envolve a geração seguinte na gestão da empresa.
– A sucessão não deve ser olhada como um «modelo de repetição» em que se substitui um executivo por outro.
– Uma sucessão bem-sucedida, raramente repete o modelo anterior.
– Uma sucessão bem-sucedida exige um plano a longo prazo, iniciado pela geração anterior, que antecipe as decisões que a geração seguinte terá que tomar.
A sucessão ocorre na sequência de um processo, ou seja, através de um conjunto de passos sequenciais.
A gestão do processo de sucessão é importante para garantir o seu sucesso e, para tal, deve obedecer às seguintes caraterísticas:
– Ser um processo estruturado, com vários passos, exigindo cada um tempo, reflexão e conhecimento.
– Envolver ações na família e na empresa.
– Garantir o empenho de todos os intervenientes com responsabilidades no processo.
– Ser concluído com sucesso (ficar no meio da ponte é um desastre anunciado!).
– Se necessário, para responder às preocupações anteriores, considerar uma fase transitória com um tutor, gestor profissional que faça a transição entre os anteriores e os novos elementos da família.
O processo de sucessão do fundador é diferente dos processos de sucessão das gerações seguintes já que nesta primeira fase ocorre uma alteração significativa do perfil de quem conduz a empresa e a família.
O fundador de qualquer grupo empresarial é sempre um empreendedor, com um perfil de risco e atitude perante o sistema empresarial próprio deste tipo de intervenção.
Se a ação do fundador, na construção e crescimento do grupo empresarial, for bem-sucedida, o que se exige da geração seguinte, ou seja, dos sucessores, é que sejam capazes de gerir de modo eficiente e rentável o património empresarial criado pelo fundador.
Ocorre então, neste processo de sucessão, uma alteração significativa de perfil de liderança, de uma liderança para o empreendedorismo, para uma liderança para a gestão empresarial.
Este facto, raramente é aceite, tanto pelo fundador como pelo sucessor, e está na origem da maioria dos insucessos que ocorrem nesta primeira transição geracional.