A adversidade traz sabedoria
T39 - Janeiro 19

Ana Ribeiro

Diretora Executiva Cluster Têxtil
S

erá sempre um sector em mudança, disse alguém um dia! São desafios constantes que nos colocam num patamar de agilidade onde a tática e a experiência fazem claramente a diferença. E é assim o Sector Têxtil e do Vestuário (STV) português, repleto de desafios, constantes mudanças e adaptação ao contexto nacional e mundial respondendo de forma clara e inequívoca a todas as solicitações.

E quais serão os próximos desafios ou paradigmas que giram em torno deste negócio?

Será que estamos conscientes que estão bem próximas várias mudanças às quais teremos de responder de forma ágil e célere?

Então vejamos, na Global Fashion Agenda assinada por mais de 90 empresas que representam várias e conceituadas marcas de vestuário (Adidas, Decathlon, Gap, Inc, H&M, Hugo Boss, Inditex, Kering, Lacoste, Nike, Tommy Hilfiger, entre outras) estão definidas metas muito concretas a atingir em 2020. Estamos a falar de um acordo que representa 12,5% do mercado global da moda e que determina um conjunto de medidas para a circularidade.

As linhas mestras desde acordo regem-se por quatro pontos de ação:

  1. Implementação de estratégias de design para a circularidade;
  2. Aumento do volume de recolha de vestuário e calçado;
  3. Aumento do volume de vestuário e calçado usado (re)vendido;
  4. Aumento da produção de vestuário e calçado produzido através de material reciclado.

Será que o STV português está preparado para responder aos desafios que os clientes irão colocar num curto espaço de tempo?

Analisemos agora outro paradigma: digitalização da manufatura, virtualização, robótica, indústria 4.0, blockchain e novos modelos de negócio.

Que compromisso temos num futuro próximo?

Tecnologias de produção avançadas, realidade aumentada, simulação e virtualização de processos e produtos, gestão e análise de dados, cibersegurança, …. São novos e arrojados passos para podermos ser mais competitivos, flexíveis, produtivos, eficientes e respondermos às questões de transparência e rastreabilidade que se tornam cada vez mais importantes nestes novos paradigmas.

A somar a tudo isto temos ainda a questão das competências. Que novos perfis se antevêem para o Sector Têxtil e Vestuário, que novas profissões e quais as alterações e reestruturações nas funções e profissões atuais?

Teremos de ser mais “digitais”? Mais “circulares” e “sustentáveis”? Mais químicos, físicos, mecânicos, eletrónicos, mecatrónicos? Se calhar, é uma equipa multidisciplinar com todas estas e outras competências e valências que irá dar resposta a todos estes desafios.

Um outro vetor, não menos importante, terá de ser reforçado, refiro-me às parceiras estratégicas, ao trabalho colaborativo e à criação de novas cadeias de valor em torno do Sector Têxtil e Vestuário de forma a fortalecermos a excelência que nos distingue. Realço, em particular, os centros de competência, universidades, clusters, associações, entidades publicas, bem como outros atores que gravitam em torno deste sector.

Em jeito de conclusão: será em cenários constantes de mudança que seremos claramente estimulados a encontrar respostas para os desafios que aí se avizinham – pois  “a adversidade traz sabedoria”, como bem adverte o provérbio popular vietnamita.

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