2022 – Consumidor formatado ou consciente?
T69 - Janeiro 22

José Guimarães

Vice-presidente ATP
Q

uem determina as tendências de mercado são os consumidores. E o que determina as suas escolhas será o seu grau de Consciência? Os estilistas e as marcas, através de catwalks, holofotes hollywoodescos e suportados pelos media especializados, definem o que está na moda. Cores, padrões, materiais, modelos, reinvenções e todos os fatores captam a veia consumista. Hoje o azul é o novo preto, amanhã será o rosa. Tem toda a pertinência assumir esta inegável constatação, porque tantas pessoas adoram “estar na moda”? 

Desde crianças que o nosso ego sente necessidade de ter referências externas, sentido de pertença, identificação com A, B ou C. Ser original e especial, mas não ser excluído. Os paradoxos começam cedo. Queremos estar integrados com os nossos pares (sejam eles quais forem) e simultaneamente queremos sentir-nos únicos e exclusivos nos diferentes contextos em que nos enquadramos.

Os nossos sensores captam o ambiente apelativo das zonas comerciais, a música vibrante, as cores do arco-íris, as sementes publicitárias que se alojam indiscriminadamente no nosso cérebro, os sonhos definidos por outros, os elogios de pessoas programadas de forma igual que nos elevam (ilusoriamente) a autoconfiança. Criam-se uniformes para as crianças, estampam-se nomes e marcas que não são nossos, resiste-se a quem desafia as nossas crenças coletivas. E como defino a minha marca pessoal?

Inundam-se as lojas com outfits versáteis, criam-se datas festivas e cerimónias pró-consumo, alteram-se tendências constantemente e colocam-se à venda produtos atraentes, a preços apetecíveis e teoricamente democráticos. E surgem mais dilemas: faço compras uma vez por mês ou uma vez por estação?

Ou compramos fast-fashion para termos um guarda-roupa repleto e renovado – eu, a minha imagem e o meu entretenimento; ou o crivo do nosso armário é criterioso na qualidade e conforto dos artigos, no respeito social e ambiental – eu, a humanidade e o planeta. 

Privilegio a etiqueta do preço ou procuro e exijo etiquetas de certificação ambiental e de comércio justo? Compro sem filtro o que quero, focado na estética e na atualidade mediatizada, ou dou especial relevância ao produzido localmente?

Como sabemos, as consequências chegaram para vencer: desflorestação, oceanos poluídos, espécies extintas, aquecimento global. A consciência de muitos de nós abriu-se à força, mas podemos agir e atuar agora. Procriam-se associações ambientais, apontam-se causas humanitárias, vozes megafónicas de igualdade e equidade, critérios económicos de sustentabilidade e visões empresariais de responsabilidade social que transcendem a tradicional lógica económica. 

O agente mais poderoso do mundo é o consumidor, não devemos negligenciar que detém o verdadeiro poder, impondo crescentemente as opções estratégicas dos materiais e processos utilizados, visando acolher respeitosamente as perspetivas sustentáveis subjacentes e carinhosamente enfatizadas. É o início de um longo caminho de aprendizagem e reeducação para todos os intervenientes do nosso setor…!

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