Júlio Magalhães
"O Made in Europe é um selo de qualidade mais genérico e não tão forte como o Made in Portugal", afirma Laila Sørensen, Chief Designer da SENSIFY
omo está a ser preparada a retoma após Covid?
Tal como o agricultor que prepara a terra, alfaisa e sementeira para a próxima época. Está pronto quando a primavera chega. A SENSIFY segue uma abordagem semelhante. Aproveitamos esta “pausa Covid” para preparar a nossa participação na Neonyt, em Berlim, em janeiro de 2021. Estou muito feliz e orgulhosa porque a SENSIFY foi aceite como expositora após um rigoroso procedimento de triagem e seleção. E naturalmente agradecida pelo apoio incansável da Selectiva Moda.
Concorda que num futuro próximo o made in Portugal ou o made in Europe, vão ter procura acrescida das grandes marcas e cadeias internacionais?
Na SENSIFY, acreditamos que Made in Portugal é um forte selo de qualidade para vestuário e têxteis – em particular na Europa – e que devemos estar muito orgulhosos do nosso artesanato e saber-fazer de longa data. É também por isso que as roupas SENSIFY são produzidas em Portugal. O Made in Europe é um selo de qualidade mais genérico e não tão forte como o Made in Portugal.
Partilha da ideia de que o e-commerce vai dar um pulo gigante?
Está claro que a Covid acelerou irrevogavelmente o crescimento do comércio eletrónico e essa tendência muito provavelmente não diminuirá. O e-commerce definitivamente oferece comodidade aos clientes e alguns insistem em comprar online. Na SENSIFY também trabalhamos para tornar a jornada do cliente o mais agradável possível.
Uma coleção de roupa pode vender-se só online?
Talvez, exclusivamente para clientes da Geração Z que são nativos digitais. Na SENSIFY usamos apenas fibras sustentáveis com um toque especial. Nada pode substituir a experiência comovente da textura. É por isso que organizamos eventos especiais, ao vivo em locais cuidadosamente seleccionados para promover a interação das clientes com as nossas peças e experienciarem a suavidade do bambu ou do eucalipto, e a frescura da seda com tingimentos naturais.
O vestuário sustentável está na moda?
A moda sustentável definitivamente tornou-se moda por uma série de razões. Os consumidores estão a tornar-se mais conscientes e os designers de moda também são influenciados pelas mudanças na sociedade, nas suas propostas de moda. Desde a sua criação, a SENSIFY escolheu a sustentabilidade como um dos seus valores fundamentais. Usamos a noção de “meaningful luxury”
para expressar a importância disso.
Os criadores já perceberam que a moda também tem de ser um negócio?
Sim. Há uma mudança de mentalidade na indústria da moda. Os designers de moda têm como responsabilidade pensar nas suas criações em primeiro lugar como um design sustentável. Incluindo na sua seleção de matérias-primas, produção e a sua cadeia de valor para criarem um negócio sustentável para todos.
Chief Designer da SENSIFY, uma dinamarquesa, que se fez portuguesa ao longo das mais de três décadas que leva no nosso país. Começou pela consultoria nas áreas de design e produção, até que o lançamento de uma marca própria de vestuário de senhora constituiu o natural passo em frente. A SENSIFY é uma marca de vestuário de malha de senhora, dedicada ao segmento médio/alto, para consumidoras exigentes e acima dos 30 anos