Piupiuchick
O nome diferente foi inventado para que surgisse logo em primeiro lugar numa pesquisa no Google
Mariana Pimentel
T28 Janeiro 2018
Emergente

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Engenheira ambiental
O sonho de Mariana era ser engenheira civil, mas acabou em engenharia ambiental, onde foi a melhor aluna

Mariana Pimentel é uma engenheira ambiental que virou empresária quando criou a Piupiuchick, com a ajuda da sua irmã Inês e da amiga Marta. O negócio começou online mas tem agora objetivos além fronteiras.

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que é a Piupiuchick? Esta pergunta é das fáceis. É a marca de roupa para criança, 100% made in Portugal, criada há cinco anos pela Mariana, a sua irmã Inês e a amiga comum Marta Machado Moreira. Mas sabe o que quer dizer Piupiuchick? Esta já é mais difícil, pois a palavra foi inventada de propósito para funcionar como a marca de moda infantil, divertida e com qualidade, que as três amigas iam construir. “Em vez de uma palavra fofinha, optámos por uma palavra que não existisse no dicionário, para que surgisse logo em primeiro lugar numa pesquisa no Google”, explica Mariana Pimentel, 39 anos. Mariana nasceu e cresceu na Foz (onde vive após um parêntesis de 11 anos em Lisboa), filha do diretor de vendas de uma empresa de produtos químicos e de uma mãe que trabalhou no catálogo Ramirez & Raul, da qual deve ter herdado a costela para os trapos.

No final do Secundário, feito entre o Torrinha e o Garcia de Orta, viu-se face a um importante dilema – situação que tornaria frequente na sua vida e fez dela uma especialista em vencer a velha batalha entre a mente e o coração, que raramente querem a mesma coisa.

Ela sonhava ser engenheira civil (“A minha disciplina preferida era a Matemática”), mas lá em casa preferiam que ela fosse médica – e Mariana cedeu, primeiro, mas acabou, já no 12oºano, por mudar de ideias: “Dei por mim a pensar que estava louca. Não gostava de Medicina, não queria ser médica, não fazia sentido fazer um curso só para agradar à família”.
Foi parar a Engenharia Ambiental, na Católica, pois era o único curso da área das engenharias que dava para entrar com Química e Biologia do 12o ano – e ela não tinha feito Física, o que a impedia de se candidatar a Engenharia Civil.

Apesar de ter sido um recurso, Mariana acabou por gostar muito do curso de Engenharia Ambiental (“era a minha praia”), de que foi a melhor aluna. Antes de o concluir já tinha arranjado o primeiro trabalho a sério (o primeiro dinheiro ganhara-o em biscates nas Hospedeiras de Portugal), a estudar a viabilidade da criação de uma empresa que tratasse dos resíduos de todo o grupo Sonae.

Fez o 5o ano e o mestrado ao mesmo tempo, e teve uma passagem de cometa pela Bial, onde fez um trabalho sobre o tratamento de efluentes da indústria farmacêutica, antes de mais um ziguezague na sua vida. Augusto Medina desafiou-a a ir trabalhar na Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI). Mariana disse que sim e quando tal, com 22 anos, estava voar para o México para dirigir um encontro de um projeto europeu em que estavam envolvidos 15 países.

Quatro anos volvidos, abalançou-se a outra grande empreitada, a de abrir o escritório da SPI em Lisboa onde estava quando foi desassossegada pelo convite de Paulo Janeiro, um engenheiro fisico de Coimbra, para embarcar na aventura Inogate, uma empresa que acabara de criar e de que ela se tornaria sócia. Manteve-se na inovação – só mudou do lado do financiamento para a vertente mais sexy da criação da necessidade, produção e gestão da inovação.

Corria tudo sobre rodas até a Inogate dar com a cabeça na parede do Estado, ao ganhar um contrato de 2,5 milhões de euros para o fornecimento de software à Agência de Modernização da Administração Pública – um sonho que se tornou um pesadelo, à medida que o Estado ia adiando sucessivamente os pagamentos e a empresa tinha de investir montes de dinheiro no desenvolvimento do produto.

“Foi o pior ano da minha vida. Não recebia salário. Nunca mais, seja qual for a circunstância, voltarei a trabalhar para o Estado”, jura Mariana, que deu por ela grávida e sem saber o que fazer à vida.

O parto da Piupiuchick demorou um ano, em que a Mariana (que, como adora programação, criara a Webinha, empresa que faz sites), a Inês (arquiteta) e a Marta (designer de interiores) se fartaram de fazer contas. Mas deu resultado. O lançamento da marca, que debutou online, foi venturoso. A primeira colecção esgotou em três semanas. Ao fim de um mês já tinha 11 mil seguidores no Facebook.

“Estamos muito contentes e a crescer. Mas somos muito ambiciosas. Queremos ter ainda mais reconhecimento e estar em mais lojas e em mais países”, conclui Mariana, a mãe da invenção Piupiuchick.

Cartão Do cidadão

Família Casada com Diogo (que trabalha na TNT), tem três filhos: Salvador, sete anos, Concha, cinco, e Mateus, ano e meio Formação Licenciada em Engenharia Ambiental (Católica), fez um mestrado em Cranfield (Inglaterra) e uma pós graduação em Gestão de Inovação (Católica)  Casa Apartamento (alugado) na Foz, Porto Carro Volvo XC 90  Portátil Mac Telemóvel iPhone 4 Hóbis Dantes jogava ténis, agora, desde que trabalha por conta sem horário, o pouco tempo que lhe resta investe-o a brincar com os filhos  Férias Um semana na Arrifana, na costa alentejana (o Diogo adora fazer surf) e outra na praia Verde, perto de Tavira Regra de ouro  “Nascemos para ser felizes –  mas ninguém vai fazer isso por nós … ”

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