Ambição e Trabalho
“Os meus pais incutiram-me os valores certos: sacrificar-me no trabalho e estar sempre a melhorar"
Laura Carvalho
9 Maio 2018
Emergente

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Sentido de Missão
"Eu estou apaixonada pela BomDia. Acho que é aqui que me vou reformar”

“Quero que as pessoas produzam cada vez mais, mas também que quero que se sintam bem e felizes por trabalharem aqui. É mau sinal quando alguém não gosta de entrar pela manhã naquele portão”, diz Laura Carvalho, diretora geral da BomDia, 42 anos de vida e 25 desta têxtil lar, onde debutou na organização do arquivo e chegou ao topo da montanha em 2016.

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ra ainda uma teenager quando há exactamente um quarto de século arranjou o seu primeiro e único emprego na Fábrica de Tecidos da Viúva de Carlos da Silva Areias & Cª, mais vulgarmente designada pela sua marca própria – BomDia. Estávamos em 1993 e Laura Carvalho, actualmente com 42 anos, tinha acabado de fazer o 12º ano e de resolver que não ia esperar mais tempo para começar a ganhar dinheiro, deixando para sempre sepultado no passado o sonho de ser médica.

Não foi uma decisão fácil, principalmente para os pais, Albertina e Virgilio, que tinham estado emigrados na Alsácia (onde ela nasceu e viveu até aos cinco anos) e seguramente teriam gostado de conseguir proporcionar que a mais nova das suas duas filhas fosse mais longe nos estudos.

Laura, que cresceu em Santo Tirso, não poupou nos selos e desatou a enviar currículos para todas as empresas que conhecia. Acabou por ir parar a Vizela. A BomDia precisava de alguém que ajudasse na organização do arquivo. Ela agarrou logo a oportunidade com ambas as mãos “Foi ótimo. Eu estava disponível para fazer qualquer coisa. Tinha uma enorme fome de aprendizagem”, recorda.

Não demorou a estar a tratar de todo o arquivo documental da fábrica, o primeiro passo numa caminhada que a levaria a chegar ao cimo da montanha em 2016, quando aceitou o convite para assumir o cargo de directora geral da empresa.

“A BomDia foi a minha universidade. As pessoas, em particular o Carlos Gonçalves (presidente e accionista da empresa), acreditaram em mim. E eu senti o desejo e a obrigação de corresponder a essa aposta”, resume Laura, uma mulher ambiciosa que sabe perfeitamente o que quer: “Quero ser excelente!”

Na perseguição da excelência, e para saciar a sua fome de conhecimentos, foi acumulando cursos e formações em horário pós laboral (inglês, francês, fibras, informática, etc) que foram o corrimão que a ajudou a construir uma carreira firme, só ao alcance de quem dispensa o elevador e vai pelas escadas até ao topo – após o arquivo, a logística, a parte comercial e a direção do desenvolvimento de produto (incluindo a coordenação do design) foram os degraus que teve de vencer.

“Os meus pais incutiram-me os valores certos: cumprir os horários, sacrificar-me no trabalho, estar sempre a melhorar as minhas capacidades, respeitar o trabalho dos outros”, conta Laura, inoculada desde miúda com o vírus da melhor das ambições, que é a de quem vive a colher o que plantou e não quer mais do que o que lhe convém.

Habituada a trabalhar com vontade e coração, a esforçar-se para dar todos os dias sempre um bocadinho mais – e a ser hoje um bocadinho melhor do que ontem -, a diretora geral da BomDia reconhece que não sabe o nome de todos os 150 trabalhadores da empresa  (“mas sei de muitos”) e garante que não há dia que passe em que não vá “lá em baixo” ao chão de fábrica.

“Quero que as pessoas produzam cada vez mais, mas também quero que se sintam bem e felizes por trabalharem aqui. É mau sinal quando alguém não gosta de entrar pela manhã naquele portão…”, diz esta mulher ambiciosa que chega à fábrica antes das nove, vinda do ginásio (onde vai todos os dias, sábados incluídos, cumprindo durante uma hora um programa especificamente desenhado para ela por um personal trainer), e nunca sabe a que horas vai conseguir sair.

Solteira e boa rapariga (“pelo menos tento ser”, graceja), Laura confessa ser uma workaholic incorrigível:  “Nunca mais vou deixar de o ser. Foi uma opção que tomei. As circunstâncias levaram-me a isso”.

Ao longo dos 25 anos que leva na BomDia, onde teve o seu primeiro e (pelo menos até agora…) único emprego, já foi por diversas vezes tentada a mudar de ares, mas depois de ponderar bem, sempre resistiu a essa tentação.

“A família Gonçalves ter agarrado na fábrica foi uma viragem muito positiva, pois tem uma visão muito forte do que deve ser o seu futuro. E eu estou apaixonada pela BomDia. Acho que é aqui que me vou reformar”, conclui Laura Carvalho, uma mulher que já leva 22 Heimtextil no currículo – e cuja ambição é feita de um pano tão bom e resistente como os felpos da BomDia.

 

Cartão Do cidadão

Família Solteira Formação 12º ano, a que acrescentou uma data de formações e cursos técnicos Casa Apartamento em Vizela (arrendado), bem perto da fábrica Carro Renault Dacia  Portátil Acer Telemóvel Huawei (o da empresa) e Samsung (pessoal), “são os meus escritórios ambulantes”  Hobbies É viciada em ginásio e gosta muito de ir ao cinema com a sobrinha Sara (“é a minha paixão”), de 23 anos Férias O ano passado passou uma semana em Lisboa (com a sobrinha) e fez um périplo pelo Norte (com os amigos). Este ano gostava de ir à Grécia Regra de ouro  A vida não tem tempo a perder… nós é que perdemos tempo de vida!

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