Superação
Nunca parou de estudar: aperfeiçoou o Inglês num curso pós-laboral e fez uma formação em Design no CITEVE
Elisabete Pereira
T36 Outubro 18
Emergente

T

Correr por gosto
“Gosto muito do que faço”, diz Elizabete, que entre as feiras e as visitas a clientes está fora mais de 60 vezes por ano

Elisabete Pereira, 33 anos, Marketing & Sales da João & Feliciano, herdou a arte de vender do pai, um vendedor ambulante de frutas e legumes, que ela ajudava desde os oito anos de idade.

Q
Q

uem sai aos seus não degenera. E não há mínima dúvida de que Elisabete, 33 anos, comercial de tecidos de camisaria, sai aos seus. A costela têxtil vem-lhe da mãe que fazia revista numa confecção (a Sofil, atual Felpinter). Já o jeito para a arte de vender, esse, ela herdou-o do pai, um vendedor ambulante de frutas e legumes.

Ainda era uma catraia, com não mais que oito/nove anos, quando, no final da escola, começou a ajudar o pai, acompanhando-o nas voltas que ele fazia pelas imediações de S. Martinho do Campo, onde ela nasceu, cresceu e ainda vive.

“As pessoas da região já sabiam a hora e o local – Roriz, S. Salvador, etc – onde o meu pai parava. Eu adorava ir como ele no camião”, recorda Elisabete. A freguesia achava-lhe graça – e ela, com a prática, foi soltando a língua e aprimorando a sua técnica de argumentação. Destes tempos ficou a gostar de fruta (morangos e cerejas sempre foram a sua perdição) e com o verbo desenferrujado.

Na escola, gostava de tudo quanto metesse números, o que ajuda a explicar porque é que em casa se entretinha a brincar fazendo de conta que era dona de um supermercado.

Assim sendo, a ideia inicial dela era estudar algo relacionado com contabilidade e gestão (“desde muito pequena que sou uma pessoa muito organizada”, confessa) mas na vida as coisas nem sempre correm como nós queremos. À época não havia em Santo Tirso oferta de cursos profissionais nessa área e Elisabete acabou a aprender técnicas de secretariado.

Em maio de 2002, o estágio curricular de final de curso, que a levou até à Arco, correu tão bem que logo a contrataram para ficar como assistente no departamento comercial.

Como não é pessoa para perder tempo a olhar para trás, Elisabete não parou nunca de aumentar os seus conhecimentos e capacidades. Aperfeiçoou o Inglês durante um curso pós-laboral de três anos no Instituto de Línguas de Santo Tirso – a que acrescentou posteriormente uma formação em inglês técnico. Satisfez a sede de saber como se faz uma colecção de moda fazendo uma formação em Design no CITEVE. E sempre que pode aproveita as oportunidades para melhorar o seu domínio de línguas estrangeiras (é fluente em inglês, francês e espanhol).

Este esforço de valorização pessoal de Elisabete não passou despercebido na empresa, onde lhe iam sendo atribuídas cada vez mais responsabilidades, chegando a export manager. Mas ninguém diga que está bem. Em 2015, estava ela em casa grávida de duas gémeas, a Arco caiu.

Apesar de ela e o marido (a empresa onde ele trabalhava fechou mais ao menos ao mesmo tempo) terem vivido terríveis momentos de incerteza, a coisa acaba por compor-se. O Roberto arranjou rapidamente emprego e Elisabete também, porque a TMG aproveitou a oportunidade para reforçar a sua força de vendas, integrando o departamento comercial da Arco.

“Não era a minha maneira de trabalhar. Por isso pus-me à procura de um outro emprego e acabei por vir para a João & Feliciano, que é especializada em tecidos camiseiros, tal como a Arco, só que também faz jaquard”, diz Elisabete em jeito de explicação para o facto de não ter aquecido o lugar na TMG, onde se demorou apenas sete meses, de janeiro a julho de 2015.

O mercado não está fabuloso. A concorrência dos turcos dói. E há cada vez menos gente a usar fato e gravata. Dito por outras palavras, a vida já foi mais fácil para os fabricantes de tecidos para camisa, pois a clientela tradicional opta cada vez mais pelas malhas. Mas Elisabete não é uma mulher para se deixar abater pelas dificuldades.

“Eu gosto muito do que faço”, confessa esta comercial, que entre as feiras obrigatórias (Première Vision e Munich Fabric Start), as outras (este ano, por exemplo, também foi à ColombiaModa, em Medellin, para medir a temperatura dos mercados sul americanos) e as visitas a clientes em França, Espanha, Inglaterra e Alemanha, Elisabete dorme em hotéis – sem poder dar o beijo de boas noites às gémeas – mais de 60 vezes por ano. Mas quem corre por gosto não cansa.

Cartão Do cidadão

Família Casada com um designer técnico que trabalha na metalomecânica (Roberto Ribeiro) e mãe de duas gémeas, a Lara e a Diana, que têm quatro anos Formação Curso profissional de Técnica de Secretariado (Cidenai, Santo Tirso) Casa Moradia em S. Martinho do Campo Carro Audi A4 Portátil HP Telemóvel iSamsung J5 Hóbis Ouvir música, ir ao cinema, dar grandes passeios ao ar livre no parque Sara Moreira e fazer trabalhos manuais, como ponto cruz Férias Não tem uma rotina, gosta de variar. Este ano foram para a Fuzeta. “As gémeas adoram praia e fazerem castelos na areia” Regra de ouro “Nunca desistir. Se hoje o dia foi pior, amanhã será com certeza melhor. O que é preciso é ir em frente até chegarmos a bom porto”

Partilhar