A filha inspirou-a
Quando percebeu que a filha queria vestir-se igual a ela, Cláudia viu que tinha ali uma ideia de negócio
Cláudia Manero
T42 Abril 19
Emergente

T

Uma marca suntentável
“Trabalho todos os dias por uma moda mais ética e menos descartável" afirma Cláudia Manero

Cláudia Manero, 30 anos, é a fundadora da Mary Tale, uma marca de roupa e decoração que é também uma história de amor que une três gerações. Maria, a filha que vai fazer sete anos em julho, deu a ideia. Cláudia, a mãe, deu-lhe o corpo. Isabel, a avó, dá-lhe a inspiração.

É
É

pró menino e prá menina – mas também para as mães das meninas, que podem andar vestidas tal como as filhas, com roupas alegres e cheias de cor, se usarem peças Mary Tale, a marca de moda e decoração que Cláudia Manero, 30 anos, deu à luz no último verão.

Não se pode dizer que o gatilho da Mary Tale tenha sido absolutamente original. Claudia engravidou e em 2012 deu à luz a Maria, que mal começou expressar vontades logo manifestou o desejo de andar vestida igual à mãe.

“E porque não fazer fazer a vontade à filha e ao mesmo tempo montar um negócio?”, interrogou-se Cláudia, que andou a chocar a ideia durante uns bons três a quatro anos, um período de gestação bem superior aos nove meses que em média demora um bebé na barriga da mãe.

O parto da Mary Tale pode ter sido demorado mas foi cuidadosamente preparado, de modo a garantir que a marca viesse ao mundo equipada com uma personalidade robusta e diferenciada, capaz de sobreviver à elevada taxa de mortalidade que afecta as start up.

Ser o resultado de uma história de amor que atravessa três gerações é um dos traços distintivos da Mary Tale. Maria, a filha que vai fazer sete anos em julho, deu a ideia. Cláudia, a mãe, deu-lhe o corpo. Isabel, a avó, dá-lhe a inspiração.

As aguarelas de Isabel Luz (nome artístico de mãe de Cláudia), habitadas por um mundo mágico e de fantasia, são o ponto de partida de cada coleção da Mary Tale, que inclui não só roupa mas também objetos decorativos como almofadas, unicórnios ou sereias. Riscas de peixe, carapaças, tartarugas …, as vitimas marinhas das redes de pesca, são os motivos da coleção primavera/verão, que na linha de praia usa fios de poliester feitos a partir de redes de pesca retiradas dos oceanos.

O look artístico e o compromisso com a sustentabilidade são outros vincos da personalidade da marca. “Trabalho todos os dias por uma moda mais ética e menos descartável. Mais de 80% das nossas matérias primas são orgânicas. Usamos tintas à base de água e muito pouco poluentes. Somos fãs da moda sustentável e estamos alinhados com o comércio justo. Acompanhamos toda a cadeia de produção, para nos certificarmos de que tudo quanto vendemos se rege por esses valores e nos podemos apresentar ao mercado de cabeça erguida. Todas as nossas coleções são 100% made in Portugal”, resume Cláudia, cujo percurso até se tornar balzaquiana (a mulher de 30 anos…) parece ter sido desenhado a regra e esquadro de modo a prepará-la para ser empresária de moda.

Nascida no Porto, onde viveu os primeiros 20 anos da sua vida, fez o curso de Design de Moda na ESAD, e ainda estudante começou a dar nas vistas ao ganhar, a solo, o concurso para o desenho do fardamento da empresa Águas do Porto – e ao integrar a equipa liderada por Maria Gambina que vestiu os trabalhadores da Câmara de Matosinhos.

Mal acabou o curso, mudou-se para Lisboa, onde é coordenadora do curso de moda da Cascais School of Arts, sendo que ao longo dos últimos dez anos, além de ser professora (deu aulas no Modatex e no ensino público), se dedicou a atividades diferentes, mas todas elas em diversas vertentes do negócio da moda.

Cláudia foi designer na marca de roupa para criança Mamã, dá licença. Criou t shirts, sacos, canecas, etc, em cima de obras de arte enquanto gestora de produto da Artwear, empresa que produz artigos de merchandising para museus, como o madrileno Thyssen-Bornemisza. E tornou-se familiar com os segredos do negócio das vendas online ao trabalhar no site de moda Good Fashion, uma plataforma que escoava stocks de diferentes marcas.

“As roupas da Mary Tale têm formas descontraídas e estampados repletos de cor e alegria. A minha ideia é preencher com energia positiva o dia a dia de quem as usa. Esforço-me para que tudo quanto eu faço tenha um impacto positivo e ajude as pessoas a serem felizes”, conclui a inventora de uma marca que está a aprender a andar – e também uma mulher que descobriu que o segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz.

Cartão Do cidadão

Família Casada com Miguel (trabalha em Turismo), tem uma filha, a Maria, de seis anos Formação Licenciada em Design de Moda pela ESAD-Matosinhos  Casa Apartamento em Porto Salvo (Oeiras)  Carro Mercedes cinzento Portátil Mac Telemóvel Huawei PV 20 Lite  Hóbis Ir à praia, ler e viajar Férias No verão fazem sempre 15 dias de praia em Albufeira, mas também gostam de viajar para sítios diferentes – este ano planeiam ir aos Açores, com a Maria, para verem as baleias  Regra de ouro  “Usar tudo quanto aprendi e sei para melhorar o meu mundo e o daqueles que me rodeiam”

Partilhar