Premiada na Techtextil
Na última techtextil, Caroline venceu um Innovation Award pelo seu E-caption 2.0
Caroline Loss
T45 Julho & Agosto 19
Emergente

António Moreira Gonçalves

Apaixonada pela Covilhã
Na UBI, Caroline descobriu a sua paixão pelos têxteis técnicos e pela tecnomoda

Caroline é uma designer-cientista com muito, muito instinto. Natural do Grande Rio do Sul, Brasil, fez toda a escola com o objetivo de se tornar médica, mas a vontade de viajar e conhecer o mundo mudou-lhe o destino e fez-lhe seguir design de moda. Quando terminou a licenciatura veio para Portugal, entrou na UBI, onde se fez investigadora em engenharia têxtil. Na última Techtextil, brilhou ao mais alto nível, ao vencer o Innovation Award pelo seu projecto inovador, o casaco E-caption 2.0

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uando na última Techtextil subiu ao palco para receber o Innovation Award, Caroline Loss viu reconhecida a utilidade do seu E-caption, um casaco tecnológico a que dedicou os últimos anos de trabalho e investigação. Mas aquele prémio foi também a prova que uma das suas metas estava cumprida: tinha encontrado o “seu jeito” de ajudar as pessoas, mesmo quando foi mudando tantas vezes de planos.

Natural do Grande Rio do Sul, Brasil, Caroline fez toda a escola com uma ideia fixa de seguir medicina. Mas quando chegou à altura do vestibular – o exame de acesso à universidade – decidiu seguir o instinto. “Eu queria conhecer o mundo e se ficasse presa num hospital para o resto da vida nunca o iria conseguir”, explica. E foi assim que a moda entrou na vida dela, numa decisão tão repentina que apanhou todos de surpresa. “Como moda e medicina começam por ‘M’, minha mãe até me perguntou se eu não preenchido mal, se me tinha enganado”, conta.

Na altura o curso, na Universidade de Caxias do Sul, a sua cidade natal, ainda tinha o nome “Moda e Estilo”. A vontade de abrir horizontes levou-a por um semestre até Buenos Aires, à Universidad Argentina de la Empresa, onde redescobre a sua vocação. “Tive o primeiro contacto mais apaixonante com o design têxtil. O meu curso era muito orientado para a moda, para as colecções finais, e não tanto para os materiais que estão na base de tudo”, recorda.

De regresso ao Brasil, estagia numa empresa de homewear – “desenhava pijamas com um conceito meio desportivo, que podiam ser utilizados na rua, em idas ao mercado, por exemplo – onde se quedou algum tempo, a ganhar experiência. “Sentia que desenhava as coisas mas não sabia muito bem que materiais escolher, queria estudar esse lado, e queria fazê-lo no estrangeiro”. Procurou pelo melhor curso e o instinto encaminhou-a para Universidade da Beira Interior: “É mesmo para esse lugar que eu quero ir! A vertente têxtil era muito forte e tudo no google falava na Covilhã como a Manchester”.

Entrou no mestrado de Design de Moda em Agosto de 2010, com 21 anos. As aulas começavam logo em Setembro e Caroline nunca tinha estado a Portugal, nem sequer à Europa. “Vim num voo tarde e apanhei o último comboio da noite, que chegava à Covilhã às 23h. A estação estava em obras, eu tinha duas malas imensas e já nem havia táxis, não se via nada nem ninguém, foi um pouco assustador”, conta.

A percepção foi mudando e rapidamente abraçou o estatuto de covilhanense adoptiva. No primeiro ano de mestrado, numa aula de tecnomoda, surgiu a luz. “Vi têxteis condutores, têxteis que acendiam luzes, têxteis com canais para a transpiração e fiquei impressionada com todo este potencial. Não sabia bem como, mas percebi que ia trabalhar nesta área”, e passados dois anos estava a fazer um doutoramento em engenharia têxtil.

Em 2012, integra um projecto de investigação centrado em antenas electromagnéticas feitas de materiais têxteis que viria a resultar no E-caption, um casaco de protecção destinado a técnicos de manutenção das torres de telecomunicação. “No início foi muito desafiador para mim, porque no núcleo só havia engenheiros e eu era a única designer. Tinha algumas noções de electromagnetismo e ótica, mas tive de voltar a estudar”, conta.

Depois de uma primeira versão – “que ainda continha uma placa rígida” – ,a equipa desenvolveu a versão 2.0, totalmente produzida em têxteis. Na Techtextil o projecto impressionou o júri, mas para além do prémio já há empresas interessadas na tecnologia mas não está ainda definido o modelo de negócio.

Qualquer que seja o futuro do projecto, Caroline já conquistou uma certeza: “Quando não fui para Medicina pensei que tinha de arranjar outro jeito de ajudar as pessoas”. O casaco protector é a prova de como o design têxtil foi o caminho certo, mas Caroline guarda ainda muitas ideias para o futuro.

Cartão Do cidadão

Família vive com o namorado Pedro, também investigador na UBI. A outra “está toda no Brasil Formação Doutoramento em Engenharia Têxtil e mestrado em Design de Moda (ambos na UBI com 19 valores), depois do bacharelato em Moda e Estilo na Universidade de Caxias do Sul (Brasil) Casa Apartamento na Covilhã Carro Nissan Leaf (tem também um Suzuki Swift, de 94, para viagens maiores Portátil MacBook Telemóvel Xiaomi a2 Hobbies Devorar séries na (Grey’s Anatomy, The Big Bang Theory e Suits são as favoritas) Férias Quando não é Brasil, faz roadtrips pela Europa (já foi de Portugal à Bósnia no seu Suzuki) Regra de Ouro “Absorver e repassar o máximo de conhecimento possível com as pessoas que cruzam o meu caminho”

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