Pera Lima
A arte de contar histórias em tecidos
Patrícia Monteiro
T84 - Junho 23
Emergente

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Em 2020 regressou
E assim começou a aventura da Pera Lima

Desde sempre: “um passarinho sonhador, à procura do seu lugar”. Patrícia Monteiro, CEO da Pera Lima, é sonhadora, ingénua e criativa e foi em Moçambique que deu os primeiros passos da sua carreira no mundo do têxtil.

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onhadora, ingénua e criativa. É assim que Patrícia Monteiro. Desde sempre: “um passarinho sonhador, à procura do seu lugar”. Desde nova com o bichinho pelas artes, ora fosse na costurar ora a pintar, Patrícia Monteiro tinha sempre de aprender alguma coisa que puxasse pela sua criatividade. ”Aprendi a costurar com a minha tia-avó e lembro-me de ver a minha avó todas as tardes a costurar, Eu ficava a olhar pela janela”, contou, nostálgica.

Ser veterinária foi o seu primeiro desejo: cresceu rodeada de animais e achava que o seu lema seria salvá-los, mas rapidamente percebeu que o seu caminho não era nessa direção: “quando vi numa aula de Ciências um rato morto, percebi que a morte era muito literal e não queria enfrentar isso todos os dias. Queria algo criativo e livre, e por isso hoje sou pintora, formada nas Belas-Artes, mas a minha experiência profissional foi toda na área do têxtil”, partilhou.

Foi em Moçambique que deu os primeiros passos da sua carreira no mundo do têxtil – ao produzir bonecos que contavam uma história, projeto que tinha começado em Lisboa, mas que ganhou uma força maior nos horizontes africanos. Surgiu ali a vontade de abrir uma empresa onde o primordial desse projeto se consubstanciasse: capacitar as mulheres locais a costurar – ou, dito de outra forma, ensinar-lhes uma arte para sobreviverem.

Mas tudo muda e em 2020, Patrícia regressa a Portugal após uma década fora de portas e em plena pandemia, para se dirigir àquele lugar que sente a que realmente pertence – a casa dos avós – numa tentativa de reencontrar a sua identidade e de recuperar a vontade de escrever. E é da junção do seu gosto pela escrita e por histórias que neste período de tempo de reflexão surgiu, há cerca de um ano e meio, uma sua marca original de slow fashion, a Pera Lima.

Foi de uma bagagem cheia de aprendizagem que trouxe consigo e da forte ligação entre identidade e cultura que vivenciou, que surgiu a ideia deste novo projeto: “produzir desenhos mas que tivessem um valor acrescentado, não só estético, mas que pudesse contar uma história”, explicou a CEO da empresa. E acrescentou: “o objetivo da marca é vestirmos histórias. Começou com as suas histórias: Pereiras, “porque o meu apelido é Pera, que vem de Pereira, e o meu avô era Pereira. E lembrei-me de uma memória quando estava no quintal dos meus avós, a comer as peras das pereiras. A história conta o ciclo da vida da pera mas também da minha ligação com ela”, contou Patrícia. “Hoje em dia, já não são as minhas histórias, são as de escritores e artistas que convido”.

Além de produzir em Portugal, há algo que a Patrícia quer preservar neste projeto: ser português e nortenho. Como diz um ditado moçambicano, ”onde te deitas e acordas a tua obrigação enquanto ser humano é gerar riqueza à volta das pessoas que te rodeiam” –  isto é “gerar riqueza no sentido de produzir positivamente para as pessoas que estão à tua volta, localmente”, partilhou. Sendo uma pessoa conservadora, a sua produção segue o mesmo padrão: “o nosso processo de trabalho é muito tradicional. A nossa costureira é uma artesã vista como uma artista e não como uma mulher máquina”.

Para Patrícia Monteiro, a moda, mais concretamente os estampados, não trata somente de questões de estética: o belo tem de acrescente algo. ”Eu não sou designer de moda, sou artista plástica”, “nós não vestimos egos, nós vestimos almas”.

Questionada sobre o futuro a cinco anos, a artista plástica que desaguou no têxtil vê-se a pintar cada vez mais enquanto observa o evoluir da sua marca pelo mundo, passada a barreira da fronteira (que é pura imaginação, não existe). Para isso, mais prosaicamente, está a definir a relação que a Pera Lima vai ter com as feiras, os próximos espaços onde vai expor a forma de pintar os tecidos que vão fazer brilhar as almas.

Cartão Do cidadão

Família Marido e dois filhos Casa Vivenda em Vila do Conde Carro Tesla Formação Licenciatura em Artes Plástica e Mestrado em Arte e Design para o espaço público Portátil Mac Telemóvel Iphone Hobbies Fazer Spining, ir ao ginásio, ler e ter tempo para os amigos Férias Só este ano já foi aos EUA, Siri Lanka e Índia. O objetivo é conhecer todo o mundo Regra de ouro Ser leal com toda a gente, fiel aos seus valores, “não quero ser reativa por momento, quero ser correta e responder sobre os meus valores”

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